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Turquia quer punição para responsáveis pela morte de jornalista saudita

23 de Outubro de 2018 às 09:23

Erdogan "Foi um assassinato político", disse o presidente turco - Foto: Kayhan Ozer/Turkish President Office/AFP"Foi um assassinato político", disse o presidente turco - Foto: Kayhan Ozer/Turkish President Office/AFP

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan pediu nesta terça-feira (23) que todos os que desempenharam um papel no assassinato do jornalista Jamal Khashoggi sejam punidos e que os 18 suspeitos sauditas detidos em seu país sejam julgados em Istambul. "A consciência internacional não descansará enquanto todas as pessoas envolvidas, desde os executores até os que deram a ordem, tenham sido punidas", afirmou Erdogan em Ancara. "Foi um assassinato político", disse o presidente turco, antes de explicar que o sistema de câmeras de segurança do consulado saudita em Istambul foi desativado antes do assassinato do jornalista no mesmo local.

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Khashoggi, 59 anos, que caiu em desgraça em seu país depois de criticar o regime de Riad, entrou na representação diplomática saudita em Istambul em 2 de outubro para resolver questões burocráticas e nunca saiu do edifício. No dia 6 de outubro, uma fonte vinculada ao governo turco revelou que a polícia estava convencida de que o jornalista havia sido "assassinado no consulado" por uma equipe enviada pela Arábia Saudita. Erdogan afirmou que o assassinato de Khashoggi foi planejado alguns dias antes, exigiu saber onde está o corpo do jornalista e pediu uma "comissão de investigação independente" sobre o caso.

"Assassinato selvagem"

"Até agora, todos os elementos e provas descobertos indicam que Jamal Khashoggi foi vítima de um assassinato selvagem", completou o presidente turco durante o discurso, que provocou grande interesse depois que Erdogan prometeu revelar "toda a verdade" sobre o caso. "Ao reconhecer o assassinato, o governo saudita deu um passo importante. O que esperamos agora é que delimite as responsabilidades de cada um neste caso, da cúpula até a base, e que sejam julgados", completou.

Riad admitiu, no sábado, que o jornalista morreu no consulado durante uma "briga". E no domingo, o ministro saudita das Relações Exteriores, Adel al Jubeir, chamou a morte de Khashoggi de "assassinato" e afirmou que foi resultado de "uma operação não autorizada" pelo regime. Em seu discurso, Erdogan fez uma série de perguntas que continuam sem respostas: "Por quê o corpo (de Khashoggi) ainda não foi encontrado?" e "Quem deu as ordens" aos assassinos do jornalista?

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O chefe de Estado turco declarou que os 15 agentes sauditas que chegaram de modo separado a Istambul se reuniram no consulado na manhã do assassinato de Khashoggi para "arrancar o disco rígido do sistema de câmeras de vídeo" da representação diplomática. Também disse que alguns agentes fizeram "ações" em uma floresta próxima a Istambul e em Yalova, cidade do noroeste da Turquia. Erdogan não revelou, no entanto, com base em quais elementos fundamentou as declarações, nem mencionou gravações de áudio ou vídeo, que já foram citadas pela imprensa turca e algumas fontes do governo desde o início do caso.

Sócio econômico

Erdogan, cujo país mantém relações complexas com a Arábia Saudita, um rival diplomático mas também um importante sócio econômico, deu a impressão de não tentar envolver o rei Salman. O presidente turco não fez em nenhum momento qualquer referência ao todo-poderoso príncipe herdeiro Mohamed bin Salman, acusado pela imprensa turca e por alguns fontes anônimas de ter ordenado o assassinato. (Ezzedine Said - AFP)

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