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Trump é envolvido em fraude eleitoral e tem dois ex-assessores presos

22 de Agosto de 2018 às 08:49

Em comunicado à imprensa americana, o advogado do Trump, Rudolph Giuliani, declarou que "não há acusações de qualquer crime contra o presidente no que foi apresentado pelo governo contra o Sr. Cohen". Crédito da foto: Mandel Ngan / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi envolvido nesta terça-feira (21) em uma conspiração para cometer fraude eleitoral, no dia em que dois de seus ex-assessores foram considerados culpados em processos judiciais, o que representa um golpe legal e político para o líder americano.

Em um drama que se desenrolou simultaneamente em duas cidades dos Estados Unidos, dois antigos assessores-chave de Trump foram considerados culpados por diferentes crimes vinculados à investigação federal envolvendo as eleições presidenciais de 2016.

Em Nova York, Michael Cohen, advogado de Trump durante uma década, se declarou culpado de oito acusações e revelou que a pedido do atual presidente americano pagou pelo silêncio de duas ex-amantes do então candidato republicano em 2016.

Cohen, 51 anos, assumiu cinco crimes de sonegação fiscal entre 2012 e 2016, um de fraude bancária e dois delitos de violação da lei de financiamento de campanhas eleitorais.

Ao assumir sua culpa, Cohen disse ao juiz William Pauley que pagou 130 mil e 150 mil dólares durante a campanha eleitoral de 2016 em troca do silêncio de duas mulheres que teriam se relacionado com o presidente, "a pedido do candidato e com a intenção de influenciar na eleição" presidencial.

Cohen não identificou as mulheres, mas os valores foram pagos à atriz pornô Stormy Daniels, que assegura ter mantido um caso com Trump em 2006 (130.000 dólares), e a ex-coelhinha da Playboy Karen McDougal, suposta amante do magnata em 2006 e 2007.

Cohen, que certa vez declarou ser tão leal a Trump que "receberia um tiro", parece ter mudado de opinião quando as autoridades começaram a cercá-lo, e em julho disse que sua "lealdade" estava com a mulher, os filhos e o país.

O juiz Pauley pronunciará a sentença de Cohen no dia 12 de dezembro, e o advogado poderá receber até cinco anos de prisão por cada um dos crimes de sonegação fiscal, 30 anos por fraude bancário e cinco anos por cada delito de violação da lei de financiamento de campanha. A Casa Branca se negou a comentar as afirmações do Cohen.

Mais tarde, em comunicado à imprensa americana, o advogado do Trump, Rudolph Giuliani, declarou que "não há acusações de qualquer crime contra o presidente no que foi apresentado pelo governo contra o Sr. Cohen".

Manafort declarado culpado

Paralelamente, em Alexandria, na região de Washington, um juri declarou culpado o ex-chefe de campanha de Trump Paul Manafort. O consultor político de 69 anos foi considerado culpado de oito das 18 acusações que pesavam contra ele, inclusive fraude fiscal, fraude bancária e omissão de declaração de contas bancárias no exterior. Nas 10 acusações restantes, o júri não chegou a um consenso para um veredicto, o que levou o juiz a declarar uma anulação parcial.

O presidente Trump expressou seu pesar após tomar conhecimento do resultado do julgamento e descreveu Manafort como um "bom homem". "Eu me sinto muito triste com isso", disse Trump a jornalistas, ao chegar ao estado de West Virginia para um comício, alegando que o veredicto do júri é parte de uma "caça às bruxas" depois das eleições de 2016.

"Trabalhou para muita gente", disse Trump, citando as campanhas do ex-presidente Ronald Reagan e do candidato à presidência Bob Dole. O caso Manafort foi o primeiro processo resultante da investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a interferência russa nas eleições de 2016.

O processo surgiu da investigação levada à frente por Mueller sobre a ingerência russa para favorecer Trump nas eleições de 2016, mas Manafort não foi acusado de nenhum crime relacionado com a sua breve participação na campanha eleitoral do presidente.

O julgamento era considerado importante para a investigação de Mueller, que Trump denunciou muitas vezes como uma "caça às bruxas" motivada por questões políticas, negando que tenha havido um conluio com Moscou para derrotar a candidata presidencial democrata Hillary Clinton.

Cohen admite culpa

A decisão de Cohen em admitir sua culpa deve se transformar em um problema real para Trump. Apesar de a tradição legal dos Estados Unidos assinalar que um presidente não pode ser julgado no cargo, a admissão de Cohen certamente aumentará a pressão que já existe por um impeachment de Trump.

Durante seu depoimento no tribunal federal de Manhattan, Cohen confirmou que comprou o silêncio das duas mulheres com o conhecimento de Trump. "Você sabia que tudo isto era errado e ilegal?" - perguntou o juiz Pauley. "Sim, excelência" - respondeu Cohen com a voz tremula.

Cohen "se colocou de pé e testemunhou sob juramento que Donald Trump lhe ordenou cometer um crime ao fazer pagamentos a duas mulheres para influenciar na eleição", disse após a audiência o advogado do réu, Lanny Davis. "Se estes pagamentos foram um crime para Michael Cohen, então por que motivo não o são para Donald Trump?" - questionou Davis.

Cohen foi libertado sob uma fiança de meio milhão de dólares. "São coisas muito graves, que refletem um modo de funcionamento baseado em mentiras e desonestidade, durante um longo período", declarou o promotor federal de Manhattan, Robert Khuzami, ao sair do tribunal. (AFP)

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