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Reino Unido lança mandado de prisão contra dois russos por 'caso Skripal'

05 de Setembro de 2018 às 10:45

Alexander Petrov e Ruslan Bochirov - Foto: Metropolitan Police Service/AFP

A Polícia britânica anunciou nesta quarta-feira (5) dois mandados de prisão contra dois cidadãos russos identificados como Alexander Petrov e Ruslan Bochirov, no âmbito do caso de envenenamento por Novitchok contra o ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha, Yulia, na Inglaterra. De acordo com a primeira-ministra Theresa May, restos do agente neurotóxico foram encontrados no hotel dos russos acusados. Ainda segundo May, o ataque foi organizado pela espionagem militar russa.

Os dois nomes são considerados pseudônimos, declarou o chefe da seção de antiterrorismo, Neil Basu, em entrevista coletiva. "É possível que esses não sejam seus nomes verdadeiros", embora "tivessem passaportes russos emitidos com esses nomes", explicou Basu. As autoridades britânicas divulgaram as fotografias dos dois suspeitos e pediram a cooperação da população para identificá-los.

"Se sabem quem são e os conhecem com outro nome, por favor, manifestem-se", pediu o chefe da Polícia. "Estamos perguntando às pessoas no mundo todo: vocês os reconhecem?", acrescentou. A Rússia reagiu nesta quarta, garantindo que não sabe quem são os dois acusados, e denunciou uma "manipulação". "Os nomes e as fotografias publicados na imprensa não nos dizem nada", disse a porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova, citada pela agência de notícias pública TASS. Ela acusou o Reino Unido de "manipular informação".

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Em nota, a Procuradoria britânica disse que há três acusações contra a dupla: conspiração para cometer assassinato, tentativa de assassinato contra os Skripal e contra um policial britânico contaminado após tê-los socorrido, além de uso e posse de Novichok. Segundo a Polícia, ambos os suspeitos chegaram a Londres em 2 de março e, nessa mesma data, pernoitaram em um hotel da capital britânica. No dia seguinte, viajaram para Salisbury, localidade do sudoeste da Inglaterra onde Skripal morava.

"Acreditamos que contaminaram a porta de entrada" da casa do ex-espião russo, em 4 de março, acrescentou Basu. Segundo a investigação, os suspeitos deixaram o Reino Unido ainda nesse dia.

Crise diplomática

Skripal e sua filha foram envenenados com Novichok, no início de março em Salisbury, uma tentativa de assassinato que o governo britânico atribuiu à Rússia. Moscou nega categoricamente qualquer envolvimento. O caso deflagrou uma grave crise diplomática entre a Rússia e os países ocidentais, a qual deu lugar a expulsões cruzadas de diplomatas. Hospitalizados em estado crítico, Serguei e Yulia Skripal conseguiram sobreviver após permanecerem várias semanas em tratamento intensivo em um hospital.

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Em 30 de junho, um casal de britânicos foi envenenado, após terem contato com o Novichok que estava em um frasco. A mulher, Dawn Sturgess, de 44 anos, faleceu, mas seu parceiro, Charlie Rowley, sobreviveu e se encontra hospitalizado em estado "grave, mas estável". No início de agosto, os Estados Unidos anunciaram sua intenção de impor sanções econômicas à Rússia, em consequência desse caso.

Essas sanções, que entraram em vigor em 27 de agosto, afetam principalmente as exportações de alguns produtos tecnológicos, como os aparelhos eletrônicos, e a venda de armas para a Rússia. Em nome de "interesses de segurança nacional", porém, Washington excluiu da lista outros tipos de produtos, assim como tudo relacionado à cooperação espacial entre ambos os países.

Na época, um funcionário americano de alto escalão considerou que essas sanções poderiam custar "milhões de dólares" à economia russa. O simples anúncio dessa decisão provocou a queda dos mercados financeiros russos e de sua divisa, o rublo. A Rússia prometeu tomar medidas de represália. (AFP)

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