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Procurador alerta Trump sobre risco de fraude em voto pelo correio

21 de Junho de 2020 às 21:27

Há receio de que a eleição nos EUA acabar em batalha judicial. Crédito da foto: AFP/Brendan Smialowski

 

O secretário da Justiça dos EUA, William Barr, criticou neste domingo (21) o uso de cédulas de votação enviadas por correio nas eleições presidenciais, alegando que poderiam "abrir as portas para possíveis fraudes".

O comentário de Barr, durante entrevista à Fox News, repete o discurso de Donald Trump, que em inúmeras ocasiões disse aos americanos que haveria risco no envio de cédulas eleitorais por correio, sem ter evidências de irregularidades no sistema.

Em um momento de "intensa divisão no país", as eleições garantem a mudança pacífica de mandato nos EUA, mas as cédulas enviadas por correio "abrem as portas para possíveis fraudes" e abalam a confiança dos cidadãos no resultado da eleição, afirmou Barr.

O procurador-geral sugeriu que as cédulas podem ser roubadas das caixas de correio das pessoas, ou até mesmo que alguma potência estrangeira pudesse imprimir "dezenas de milhares de cédulas falsas" como forma de ter influência do resultado.  Especialistas em processos eleitorais são céticos em relação a essas afirmações.

Muitos estados e localidades nos Estados Unidos usam cédulas de correio há anos, com pouco problemas isolados. E os americanos que estão no exterior, incluindo tropas militares, votaram pelo correio sem haver queixas graves de fraude.

Esse sistema, no entanto, trata-se de uma opção para este ano. Há especulações de que ele poderia favorecer os democratas, já que alguns eleitores de baixa renda podem ter mais dificuldade para chegar às urnas, em oposição aos republicanos. As cédulas enviadas por correio também são populares nas áreas rurais onde Trump tem muito apoio.

No mês passado, em estudo analisando o impacto do voto por correio nas eleições desde 1996, divulgado pela Universidade de Stanford, mostrou que isso apresenta um pequeno aumento no número de votos, mas "mas não significa um aumento da participação dos votos em nenhum dos dois partidos".

Em uma de suas postagens no Twitter, Trump afirmou que "o voto por correspondência levará à fraude e ao abuso em massa. Também levará ao fim do nosso grande partido republicano".

Usando o Departamento de Justiça

Alguns democratas especularam que Trump, que afirmou antes da sua vitória nas eleições de 2016 que os votos poderiam ser "fraudados", estaria criando bases para uma batalha judicial no caso de perder para o democrata Joe Biden, em novembro.

Atualmente, Biden lidera as pesquisas de voto, inclusive em alguns estados considerados fundamentais para a eleição, enquanto o apoio de Trump tem constantemente caído em meio às críticas a como tem lidado com a pandemia e com a tensão racial.

Vanita Gupta, ex-diretora da Divisão de Direitos Civis do Departamento de Justiça e CEO de uma organização de direitos humanos, disse no Twitter que "Barr está usando o Departamento de Justiça americano para enfrentar uma perda de Trump em novembro justificada em mentiras sobre métodos legítimos de votação. Ele deveria ser demitido".

De fato, o próprio Trump votou por cédula por correio nas eleições de meio de mandato de 2018, depois de mudar seu registro de eleitor de Nova York para a Flórida.

No último mês, por duas vezes o Twitter decidiu alertar os leitores sobre as postagens de Trump em relação ao voto pelo correio, com um link para um artigo da CNN dizendo que as alegações de fraude do presidente não tinham fundamento.

O próprio Trump votou pelo correio nas eleições do meio de mandato, em 2018, depois de mudar seu registro de eleitor de Nova York para a Flórida.