Piloto aponta relâmpago como causa de acidente com avião russo
O avião ficou praticamente destruído pelo fogo. Crédito da foto: Russian Investigative Committe / HO / AFP
Relâmpago, tanques de combustível cheios e um pouso violento: o piloto da aeronave da Aeroflot que pegou fogo no domingo (5) à noite no aeroporto de Shermetievo, em Moscou, matando 41 pessoas, apontou nesta segunda-feira (6) as duras condições climáticas como causas da tragédia.
Se as circunstâncias exatas do acidente ainda não foram oficialmente reveladas, o comandante de bordo, Denis Evdokimov, relatou à imprensa russa que o Sukhoi Superjet 100 teve que fazer um pouso de emergência depois de perder parte dos equipamentos da aeronave devido a um relâmpago. "Por causa do raio, perdemos o contato de rádio e passamos para o regime de pilotagem mínima (...) Ou seja, sem um computador como de costume, mas de maneira direta. Em regime de emergência", explicou o piloto nas colunas do tabloide russo Komsomolskaya Pravda.
"Conseguimos restabelecer o contato via frequência de emergência, mas ela estava curta e operava apenas de forma intermitente (...) Conseguimos dizer algumas palavras e depois o contato se perdeu", acrescentou. Segundo o comandante, foi por causa do pouso violento que a aeronave pegou fogo. "A razão é certamente que os tanques estavam cheios", disse ele.
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As primeiras fontes relataram um incêndio a bordo, mas um vídeo publicado horas depois do acidente mostra a aeronave tocando o asfalto e quicando antes de pegar fogo. Imediatamente após a aterrissagem, os passageiros começaram a ser evacuados pelos tobogãs da aeronave, enquanto o incêndio se espalhava rapidamente, com enormes volutas de fumaça negra.
Outros vídeos amadores mostraram passageiros correndo na pista para se afastar da aeronave. Outro, gravado de dentro da cabine, mostra um motor em chamas com gritos de pânico ao fundo.
Caixas-pretas encontradas
Um passageiro no avião, Dmitri Khlebushkin, relatou à agência Ria Novosti que viu "um flash de luz branca" durante o voo. "O pouso foi duro, quase desmaiamos de medo". "A aeronave saltou na pista como um gafanhoto e pegou fogo no chão", testemunhou um outro passageiro, Piotr Yegorov, citado pelo jornal Komsomolskaya Pravda.
De acordo com fontes dos serviços de emergência citados pela imprensa russa, as duas "caixas-pretas" da aeronave foram encontradas no local do acidente e encaminhadas para investigação. Um total de 78 pessoas estavam a bordo da aeronave quando esta foi forçada a retornar para Moscou-Sheremetyevo, alguns minutos depois da decolagem com destino a Murmansk (norte), onde um luto de três dias foi decretado.
Segundo o Comitê de Investigação, órgão responsável pelas principais investigações na Rússia, 41 pessoas morreram. Nove outras foram hospitalizadas, três delas em estado grave. Segundo uma fonte citada pela agência pública TASS, um cidadão americano está entre os mortos.
Modelo desacreditado
"O voo Su-1492 decolou como previsto às 18H02 (12h02 de Brasília). Após a decolagem, a tripulação relatou uma anomalia e tomou a decisão de retornar ao aeroporto de partida", afirmou o aeroporto em comunicado publicado domingo à noite. "Às 18h30, a aeronave fez um pouso de emergência, após o qual o incêndio começou".
Uma investigação foi aberta para determinar as causas do acidente. O presidente Vladimir Putin transmitiu suas condolências aos parentes das vítimas, segundo seu porta-voz Dmitry Peskov. O Sukhoi Superjet 100, a primeira aeronave civil projetada pela Rússia pós-soviética para competir com a brasileira Embraer e a canadense Bombardier no mercado de aeronaves regionais, foi motivo de orgulho para o país na época de seu lançamento em 2011.
Contudo, desde então, tem sido criticado e teve pouquíssima aceitação fora do mercado russo e várias empresas estrangeiras mencionaram problemas de confiabilidade. Desde que começou a voar, em 2008, este é o segundo acidente fatal envolvendo um Superjet 100, de acordo com a base de dados Aviation Safety Network. Em maio de 2012 um avião que fazia um voo de demonstração caiu na Indonésia, matando 45 pessoas. (AFP)