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Parlamento do Iraque tem primeira sessão e blocos disputam o poder

03 de Setembro de 2018 às 10:50

A reunião no Parlamento do Iraque - Foto: Sabah Arar/AFP

O Parlamento do Iraque se reuniu nesta segunda-feira (3) pela primeira vez, quatro meses depois das legislativas vencidas pelo nacionalista xiita Moqtada al-Sadr, que poderia formar o próximo governo com o atual primeiro-ministro Haider al-Abadi, em detrimento de um bloco pró-Irã. Poucas horas antes da primeira sessão parlamentar, 16 partidos, incluindo os de Moqtada al-Sadr e Haider al-Abadi, alcançaram um acordo para formar uma coalizão governamental.

A coalizão terá 177 deputados, afirmou à AFP uma fonte ligada a Al-Abadi, o que significa mais da metade dos 329 parlamentares eleitos nas legislativas de maio, amplamente boicotadas e que foram objeto de uma nova contagem de votos por acusações de fraude. O ex-premier Nuri al-Maliki, vinculado à Aliança da Conquista de Hadi al-Ameri, uma coalizão de ex-combatentes antijihadistas ligada ao Irã, anunciou que recebeu o apoio de 145 deputados.

Os dois blocos reivindicam ser a maior coalizão para formar o governo, pois Maliki alega ter obtido "as assinaturas de cada deputado" e não dos líderes de lista, como seu rival. Assim, o bloco Maliki-Ameri afirma ter atraído o apoio de 21 deputados da Aliança da Vitória de Abadi. Entre eles está o ex-comandante das unidades paramilitares Hashd al Shaabi, Faleh al-Fayadh, que o primeiro-ministro destituiu por suspeitar que negociava em segredo com a Aliança da Conquista.

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As deserções, caso confirmadas, podem inclinar a balança para outro lado, sobretudo porque os partidos curdos - com quase 60 deputados - não se pronunciaram até o momento por um dos campos e negociam com os dois. Os sunitas estão divididos em dois blocos.

Um presidente curdo

Nesta segunda-feira, os deputados se reuniram na sede do Parlamento, na ultravigiada zona verde de Bagdá, para prestar juramento e escolher o presidente da Câmara, tradicionalmente um sunita. Os deputados têm 30 dias para escolher o presidente da República, normalmente um curdo, que precisa receber dois terços dos votos para suceder Fuad Masum. Vários nomes são citados como possíveis candidatos, mas nenhum deles foi confirmado oficialmente pelos grandes partidos curdos.

Uma vez eleito, o presidente da República tem 15 dias para solicitar à maior coalizão parlamentar a formação de um governo. O novo governo terá que enfrentar uma crise social de grande magnitude. Muitos habitantes do Iraque, especialmente na província de Basra, consideram que o lucro obtido com a venda do petróleo não é dividido de forma justa e denunciam os elevados níveis de desemprego em uma região na qual as empresas petrolíferas empregam sobretudo estrangeiros.

A província de Basra é afetada há três semanas por uma grave crise de saúde, na qual 20.000 pessoas foram internadas depois de beber água contaminada. O futuro governo também terá que enfrentar a ameaça do grupo extremista Estado Islâmico (EI). (Ammar Karim - AFP)

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