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ONU pede ‘estado de emergência climática’

13 de Dezembro de 2020 às 00:01

ONU pede ‘estado de emergência climática’ Secretário-geral, Antonio Guterres, participou de cúpula. Crédito da foto: Angela Weiss / Arquivo AFP

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu ontem que os governos declarem “estado de emergência climática” na cúpula virtual na qual países renovaram seus compromissos de redução de gases com efeito estufa.

Apesar da severa recessão causada pela Covid-19, os países devem se esforçar e cumprir suas metas, disse Guterres, cinco anos após os Acordos de Paris, que fixaram metas históricas. “Se não mudarmos o curso, poderemos estar caminhando para um aumento catastrófico na temperatura (média) de mais de 3°C neste século”, explicou Guterres, conclamando “todos os líderes do mundo a declarar um estado de emergência climática em seus países”.

Os países participantes decidiram aceitar o desafio, embora de forma desigual. O presidente chinês Xi Jinping, cujo país é o principal poluidor do planeta, garantiu que reduzirá sua intensidade de carbono (emissões de CO2 em relação ao PIB) em 65% até 2030, em relação aos níveis de 2005.

A China está empenhada em atingir seu pico de emissões em 2030, baixando até atingir a neutralidade de carbono (emissões compensadas por retenção de CO2) em 2060. O consumo de energia chinês virá de 25% de fontes renováveis em 2030, em comparação com 15,3% em 2019, garantiu.

Por sua vez, a Índia, o quarto maior emissor do mundo, planeja recorrer a fontes de energia renováveis para atingir o equivalente a 450 GW até 2030. Até 2047, no centenário de sua independência, a Índia “não só alcançará seus próprios objetivos, mas excederá suas expectativas”, assegurou o primeiro-ministro Narendra Modi em seu discurso aos líderes mundiais.

A União Europeia já havia anunciado na sexta-feira um aumento na redução de emissões, que agora será de 55% até 2030 (40% anteriormente). O Reino Unido, por sua vez, comprometeu-se a reduzir em 68% suas emissões de gases.

Os compromissos foram recebidos com moderada satisfação pelos especialistas e ONGs. Há cinco anos, em Paris, os países prometeram lutar para que o aumento da temperatura média do planeta ficasse “claramente” abaixo de 2° C, e se possível 1,5° C, em relação a era pré-industrial.

“A China tem potencial para fazer mais. Fazer com que suas emissões atinjam o pico antes de 2025 (em vez de 2030) é algo que eles deveriam considerar”, explicou Li Shuo, um especialista chinês do Greenpeace.

O presidente chileno, Sebastián Piñera, pediu ao planeta que reduza suas emissões em 45% nos próximos dez anos. Em videoconferência de Santiago, Piñera lembrou a mensagem que os países em desenvolvimento sempre mantiveram: as contribuições para o esforço devem ser “determinadas nacionalmente, proporcionais às capacidades e responsabilidades de cada país”. (Pauline Froissart e Laure Fillon - AFP)