No Iraque, papa e aiatolá se comprometem com a paz
Francisco e Ali Sistani se reuniram por quase uma hora. Crédito da foto: Divulgação / Gov. do Iraque / AFP
O papa Francisco havia dito que viajaria ao Iraque como um “peregrino da paz”. Em retorno, o grande aiatolá xiita Ali Sistani declarou a ele, ontem, seu compromisso com a “paz” e a “segurança” dos cristãos no Iraque.
Depois deste encontro na cidade sagrada xiita de Najaf, o papa deu início ao ponto alto espiritual de sua jornada: a peregrinação a Ur, cidade natal de Abraão no sul do Iraque, para rezar por liberdade e unidade, a fim de pôr fim às guerras e ao terrorismo. Era esta cidade, na planície desértica onde nasceu o pai dos monoteísmos, que João Paulo II quis visitar em 2000, antes de ser impedido por Saddam Hussein.
Francisco, conhecido por suas mãos estendidas em todas as direções para outras religiões, acrescentou seu toque: insistiu em rezar com dignitários yazidis (uma pequena minoria do Iraque martirizada pelos extremistas do grupo Estado Islâmico), mas também sabeus e zoroastristas (comunidades milenares no país) e muçulmanos, xiitas e sunitas.
Antes disso, o líder de 1,3 bilhão de católicos do mundo conversou por quase uma hora com o grande aiatolá Ali Sistani, referência religiosa para a maioria dos 200 milhões de xiitas no Iraque e em outros lugares.
O papa os encontrou, enfim, na parte da noite. Na Igreja de São José, no centro de Bagdá, ele celebrou sua primeira missa em público. Diante de uma esparsa assembleia devida ao coronavírus, o soberano pontífice de 84 anos pronunciou sua primeira missa de rito oriental, traduzida para o árabe e o aramaico. (Catherine Marciano e Maya Gebeily - AFP)