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Menos reuniões e mais sabão, as mudanças nos escritórios após o coronavírus

16 de Abril de 2020 às 15:25

Pais dos alunos receberão SMS e email com dicas de prevenção Especialistas em saúde preveem menos apertos de mãos e reuniões. Crédito da foto: Pxhere

 

Quando os trabalhadores retornarem aos escritórios após o confinamento, a pandemia de coronavírus provocará mudanças no ambiente e em alguns hábitos. Especialistas em saúde preveem menos apertos de mãos e reuniões, mais licenças por doença e, talvez, modificações para melhorar a higiene dos banheiros.

A seguir alguns aspectos do novo cenário.

Apertos de mão e reuniões

Os apertos de mãos terão que ser evitados por um tempo indeterminado, afirma Tom Frieden, que dirigiu os Centros a Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos durante a presidência de Barack Obama (2009-2017).

As empresas também devem pensar em novas práticas. "Podemos ter portas que não precisam ser abertas por pessoas? Teremos que medir a temperatura de todas as pessoas que entram?", questiona Frieden.

Os dispenseres de álcool gel serão um objeto comum nos escritórios. As empresas poderão modificar os espaços comuns e fazer o necessário para que os funcionários não tenham que compartilhar posições de trabalho, computadores ou telefones.

O uso de máscaras será recomendado e algumas empresas fornecerão o produto para seus funcionários.

Os supermercados já controlam o número de clientes presentes ao mesmo tempo em seu interior e muitos instalaram painéis de plástico para a proteger os funcionários dos caixas. Os demais estabelecimentos comerciais poderiam adotar medidas similares, especialmente para o distanciamento dentro das lojas.

Outra medida pode ser escalonar os horários dos funcionários ou, inclusive, os dias de trabalho, para limitar o número de pessoas presentes nos escritórios.

"Uma das consequências positivas da COVID será, espero, um menor número de reuniões", completa Frieden

Mais licenças por doenças

"Talvez as pessoas sejam estimuladas a permanecer em casa quando estiverem doentes", afirma Brandon Brown, epidemiologista da Universidade da Califórnia Riverside.

Nos Estados Unidos, não existe uma lei nacional sobre o direito a licença médica paga ou férias remuneradas.

O resultado é que um terço dos americanos continuam trabalhando quando estão doentes para não perder o pagamento, segundo uma pesquisa de outubro de 2019 da consultoria Robert Half.

O 'home office', que milhões de pessoas adotaram no período de pandemia, provavelmente será ampliado, de acordo com a área de trabalho.

"A pandemia e o confinamento mostraram que as reuniões pessoais não são tão necessárias como se pensava. As reuniões virtuais têm que virar uma opção sistemática", destaca Brown.

Ajuda psicológica

O balanço da pandemia pode levar empresas a financiar uma ajuda psicológica para os funcionários.

"Não esquecemos que muitas pessoas voltarão a trabalhar depois de perder familiares", recorda Marc Wilkenfeld, médico da Universidade de Nova York.

Ao menos nos Estados Unidos, onde o sistema de proteção social não é universal, "as grandes empresas, e talvez algumas menores, terão que enfrentar este problema, porque todo mundo precisa que os trabalhadores retornem com boa saúde física e mental", recorda.

Higiene

Melhorar a higiene no trabalho será essencial, insistem os especialistas. As superfícies mais tocadas deverão ser limpas, especialmente nos banheiros.

Os banheiros terão que ser impecáveis, já que alguns indícios sugerem que o novo coronavírus pode circular nos excrementos.

Um estudo publicado pela prestigiosa revista médica The Lancet recomenda "não ignorar os maus odores que procedem dos banheiros, das cozinhas e dos lavabos". As tubulações devem impedir que os gases escapem dos circuitos de água usadas.

Para reduzir os riscos é necessário abaixar a tampa do vaso sanitário, já que puxar a descarga pode liberar de uma só vez até 80.000 gotículas que podem cair nas superfícies e permanecer no ar durante horas, de acordo com um estudo recente publicado em Hong Kong.

Mas nos banheiros de várias empresas é comum que os vasos não tenham tampas.

Quem retorna primeiro?

Os funcionários com mais de 65 anos ou aqueles com doenças como diabetes ou hipertensão podem ser os últimos a voltar ao trabalho. "Não acredito que todos retornem ao mesmo tempo", considera Wilkenfeld. (AFP)

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