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Manifestantes entram em confronto com a polícia durante protesto em Paris

01 de Dezembro de 2018 às 11:28

No final da manhã, 59 pessoas haviam sido presas na avenida Champs-Elysées - Foto: AFP / Alain JOCARD

Centenas de manifestantes entraram em confronto com policiais neste sábado (1) na avenida Champs-Elysées, no coração de Paris, à margem de um novo protesto dos chamados "coletes amarelos" contra o aumento dos impostos e a queda do poder de compra.

Ao final de uma das avenidas mais turísticas do mundo, o Arco do Triunfo foi engolido por uma nuvem de fumaça, enquanto a polícia tentava dispersar a multidão com gás lacrimogêneo e canhões de água.

O ministro do Interior, Christophe Castaner, denunciou no Twitter a presença de "1.500 desordeiros (...) que vieram para criar confusão". A polícia, mobilizada em grande número para evitar os confrontos que já haviam ocorrido durante a manifestação de 24 de novembro, repeliam aqueles que tentam promover "quebra-quebra", acrescentou o ministro.

No final da manhã, 59 pessoas haviam sido presas.

Alguns manifestantes, encapuzados e mascarados, tentaram forçar uma barreira colocada pela polícia para filtrar as entradas, segundo a polícia. Eles então partiram para avenidas adjacentes, observou um jornalista da AFP. Latas de lixo foram derrubadas e queimadas.

Os manifestantes que vieram pacificamente para protestar usando o icônico "colete amarelo" fluorescente, foram pegos no fogo cruzado na avenida.

Entre eles, Chantal, uma aposentada de 61 anos que tentava evitar se aproximar da confusão: "Fomos informados que havia desordeiros à frente". Para ela, "ele (Macron) deve descer de seu pedestal, entender que o problema não é o imposto, é o poder de compra. Todo mês eu tenho que mexer na minha poupança".

O acesso de pedestres à avenida estava sendo controlado, com verificações de identidade e buscas, e painéis de madeira foram afixados em algumas vitrines.

Cerca de 5.000 agentes foram mobilizados na capital.

Reivindicações orgânicas 

Desde o surgimento das primeiras manifestações dos "coletes amarelos", em meados de novembro, o governo tem lutado para responder às demandas orgânicas desse movimento nascido nas redes sociais, fora de qualquer estrutura política ou sindical.

Castaner afirmou que espera que o descontentamento do movimento "se organize". "Em uma disputa, chega o momento que é preciso aceitar o diálogo", acrescentou.

Na sexta-feira, uma reunião de consulta com o primeiro-ministro Édouard Philippe fracassou: apenas dois "coletes amarelos" participaram e um deles rapidamente deixou o local por não ter conseguido que a reunião fosse transmitida ao vivo.

Quanto aos anúncios feitos esta semana por Emmanuel Macron - um dispositivo para limitar o impacto dos impostos sobre o combustível e uma "grande consulta" - irritaram mais do que convenceram.

"Puro blá blá blá", reagiram vários manifestantes, alguns dos quais acampados nas estradas ou rotatórias. "Precisamos de medidas concretas, não de fumaça", resumiu Yoann Allard, um trabalhador rural de 30 anos.

Descontentamento não diminui

Com o apoio de mais de dois terços dos franceses e depois do sucesso de uma petição "por uma queda nos preços dos combustíveis nas bombas", que ultrapassou um milhão de assinaturas, o movimento continua sua trajetória, quinze dias após seu lançamento.

As autoridades observam atentamente a magnitude dessa nova mobilização. O primeiro dia nacional, em 17 de novembro, mobilizou 282.000 pessoas e o segundo 106.000, incluindo 8.000 em Paris.

Sinal de um descontentamento que não desvanece, encontros desses cidadãos para os quais o fim do mês é muitas vezes difícil, são realizados em paralelo em várias outras regiões do país.

Os manifestantes ocuparam, por exemplo, o pedágio de Perthus, na fronteira entre a França e a Espanha.

Na maioria presidencial, a preocupação cresce diante da rejeição expressa, a tal ponto que a ideia de uma moratória sobre o aumento dos impostos sobre os combustíveis está começando a ser debatida.

Entre a oposição, de direita e de esquerda, as posições navegam entre apoio e preocupação.

O líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, deveria se manifestar em Marselha. E o chefe dos Republicanos (à direita), Laurent Wauquiez, planejava encontrar os manifestantes. A líder da extrema direita, Marine Le Pen, pediu a dissolução da Assembleia Nacional.

Este movimento começa a avançar para além das fronteiras da França: dois veículos policiais foram queimados na sexta-feira à noite em Bruxelas, no final de um protesto de cerca de 300 "coletes amarelos", o primeiro de seu tipo organizado na capital belga. (AFP)