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Maduro busca na China impulso econômico para a Venezuela

13 de Setembro de 2018 às 11:36

Há três semanas, Maduro adotou um plano de reformas econômicas para enfrentar a crise - Foto: Juan Barreto/AFP

O presidente venezuelano Nicolás Maduro chega nesta quinta-feira (13) a Pequim para assinar acordos comerciais com o maior credor de seu país, mergulhado em uma profunda crise. Antes de viajar, Maduro afirmou que se tratava de "uma visita de Estado muito necessária, muito oportuna e cheia de grandes expectativas (...) para avançar em novos acordos de parceria estratégica no campo econômico, comercial, energético, financeiro, tecnológico".

Maduro ficará na China de quinta a domingo, segundo a agência oficial de notícias chinesa Xinhua. O ministério das Relações Exteriores chinês indicou que o presidente Xi Jinping se reunirá durante sua visita com seu colega venezuelano. "A China espera que esta visita fortaleça a confiança política mútua e aprofunde a cooperação entre os dois países", declarou o porta-voz do ministério, Geng Shuang, em entrevista coletiva.

"O governo venezuelano implementou recentemente reformas econômicas e financeiras com boa resposta social. Acreditamos que um desenvolvimento estável da Venezuela é do interesse de todas as partes", acrescentou. Há três semanas, Maduro adotou um plano de reformas econômicas para enfrentar a crise na Venezuela, com uma grave escassez de alimentos e medicamentos e hiperinflação que poderia exceder 1.000.000%, segundo o FMI.

Crédito

O gigante asiático tem importantes investimentos em petróleo e é o principal parceiro financeiro da Venezuela, que recebeu empréstimos chineses por cerca de 50 bilhões de dólares na última década, pagos principalmente com petróleo bruto. A Venezuela ainda deve cerca de 20 bilhões de dólares, cujas condições de pagamento, flexibilizadas em 2016, poderiam estar sobre a mesa nesta viagem.

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Além disso, Maduro poderia voltar com um novo empréstimo de 5 bilhões de dólares e a prorrogação por seis meses do período de carência para o pagamento da dívida, de acordo com informações não oficiais citadas pela consultoria venezuelana Ecoanalítica.

Esse acordo incluiria um memorando de entendimento para a proteção dos investimentos chineses. "Essa ajuda da China, se materializada, vai permitir que o governo respire por um bom tempo", indicou no Twitter o diretor da Ecoanalítica, Asdrúbal Oliveros.

Esta é uma questão fundamental diante dos sérios problemas de liquidez do país, com apenas 8,3 bilhões de dólares em reservas internacionais e sem acesso a financiamento externo devido às sanções financeiras dos Estados Unidos. A Venezuela e sua estatal petrolífera PDVSA, além disso, foram declaradas em default parcial em 2017 por pagamentos atrasados de títulos da dívida.

A viagem de Maduro foi precedida por uma visita da vice-presidente Delcy Rodriguez e do ministro da Economia e Finanças Simon Zerpa, que se reuniram na quarta-feira com Zheng Jizhe, presidente do Banco de Desenvolvimento da China, que concedeu o maior parte dos empréstimos.

Queda da produção

A Venezuela, com as maiores reservas de petróleo comprovadas do mundo e onde a matéria-prima representa 96% das receitas, enfrenta uma abrupta queda de sua produção, com 1,4 milhão de barris por dia em agosto, segundo a Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP). É o nível mais baixo em 30 anos e muito distante dos 3,2 milhões de 2008.

Caracas denuncia um "bloqueio financeiro" dos Estados Unidos, para quem vende um terço de sua produção petroleira. (AFP)

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