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Madagascar escolhe presidente em clima de tensão

19 de Dezembro de 2018 às 08:30

Madagascar Madagascar é o único país africano que, sem ter conhecido a guerra, se empobreceu desde sua independência - Foto: Gianluigi Guercia/AFP

Os eleitores de Madagascar comparecem às urnas nesta quarta-feira (19) para o segundo turno de uma eleição presidencial com gosto de ajuste de contas entre dois ex-chefes de Estado, Marc Ravalomanana e Andry Rajoelina, determinados a recuperar o poder. A votação começou às 6H00 locais (1H00 de Brasília) e mais de 10 milhões de pessoas estão registradas para comparecer às 25.000 seções eleitorais, que permanecerão abertas até 17H00 (12H00 de Brasília).

A rivalidade entre os dois ex-presidentes é intensa há vários meses, o que provoca o temor de uma nova onda de tensão pós-eleitoral em um país que registrou várias crises desde sua independência da França, em 1960. Durante o segundo debate na TV, no domingo passado, Ravalomanana advertiu sobre o risco de fraude eleitoral África. "Há carteiras de identidade falsas e títulos eleitorais falsos circulando. Se o ministério do Interior não fizer nada, teremos sérios problemas", disse. "Isto não vai funcionar se começarmos a contestar os resultados de uma eleição que ainda não aconteceu", respondeu Rajoelina.

Com acusações recíprocas de corrupção e de incompetência, Marc Ravalomanana e Andry Rajoelina se confrontaram em uma tensa campanha eleitoral, marcada por seus rancores pessoais e pela convulsão política deste país durante as últimas duas décadas. Após sua eleição à Presidência em 2002, Ravalomanana se viu obrigado a renunciar sete anos mais tarde por causa de uma onda de manifestações que contava com o apoio de Rajoelina.

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Então prefeito da capital, Antananarivo, Rajoelina foi eleito pelo Exército para presidir o país durante um período de transição. Na eleição presidencial de 2013, proibiu-se a ambos adversários se candidatarem, devido a um acordo para pôr fim à sucessão de crise que afeta esta ilha do Índico, no sudeste da África, desde sua independência em 1960. Cinco anos mais tarde, voltaram a se enfrentar para resolver sua disputa política.

Com 39,23% dos votos, Rajoelina, de 44 anos, foi o candidato mais votado em 7 de novembro no primeiro turno, enquanto Ravalomanana, de 69, obteve 35,35% dos votos. O carisma dos dois ex-presidentes e, sobretudo, seu dinheiro lhes permitiram se impor com folga frente aos demais 34 candidatos. O presidente em final de mandato, Hery Rajaonarimampianina, ficou em segundo plano, com apenas 8,82% dos votos.

Para atrair eleitores, e, acima de tudo, os abstencionistas - 45,7% - os dois ex-presidentes distribuíram presentes e doações de todos os tipos de clientelismo. Este duelo personalizado ao extremo pôs em segundo plano a realidade de um país mergulhado em problemas: Pobreza, corrupção, insegurança. Com seus 25 milhões de habitantes, Madagascar é o único país africano que, sem ter conhecido a guerra, se empobreceu desde sua independência. Três quartos da população vivem com menos de dois euros por dia, segundo o Banco Mundial. (Tsiresena Manjakahery e Philippe Alfroy - AFP)

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