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Ironias de Donald Trump atiçam tensões no caso de Brett Kavanaugh

04 de Outubro de 2018 às 10:57

Trump Trump ridicularizou a mulher que acusou o seu candidato à Suprema Corte de agressão sexual - Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP

As ironias do presidente americano, Donald Trump, que ridicularizou a mulher que acusou o seu candidato à Suprema Corte, Brett Kavanaugh, de agressão sexual, atiçaram nesta quarta-feira (3) as tensões sobre este caso que deixa o país apreensivo. Dois dos três senadores republicanos cujos votos são fundamentais para a aprovação de Kavanaugh no Senado expressaram o seu repúdio à ridicularização de Trump a Christine Blasey Ford durante um ato político no Mississippi.

Durante a noite foi anunciado que a votação final no Senado sobre a confirmação de Kavanaugh pode acontecer no sábado (6). "Não é momento nem lugar para comentários como esse", declarou Jeff Flake à NBC. "Discutir algo tão delicado em um comício não é correto. Desejaria que não tivesse feito isso. É bastante espantoso". A senadora Susan Collins assinalou que as palavras de Trump "foram rasas e cheias de maldade".

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O discurso de Trump gerou novas dúvidas sobre o destino de Kavanaugh, enquanto o FBI revisa as acusações de três mulheres que afirmam que o atual juiz de apelações bebia muito e abusou sexualmente de mulheres nos anos 1980. O FBI tem até sexta-feira (5) para analisar as acusações, pressionado pelos republicanos do Senado e pela Casa Branca, que apontam Kavanaugh para inclinar para o lado conservador as decisões da Suprema Corte.

O líder da maioria republicana do Senado, Mitch McConnell, exigiu uma votação final da indicação "esta semana". "É hora de deixar para trás este espetáculo vergonhoso", disse. Na quinta-feira passada, Blasey Ford assinalou que Kavanaugh, bêbado, tentou estuprá-la em 1982 durante uma festa. Disse estar absolutamente certa de que ele era o agressor, mas não conseguia lembrar de certos detalhes. E Trump fez piada disso.

"Tomei uma cerveja", disse Trump, assinalando algo que Blasey Ford se lembrou. "Como chegou em casa? Não lembro! Como chegou lá? Não lembro! Onde era o local? Não lembro! Há quantos anos isto aconteceu? Não sei! Não sei, não sei e não sei!", acrescentou o presidente. "Mas tomei uma cerveja. Essa é a única coisa que eu lembro", apontou.

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Michael Bromwich, advogado de Blasey Ford, denunciou no Twitter o ataque "vil e desalmado" contra sua cliente. Por reações assim "não é de se estranhar" que ela estivesse "aterrorizada" de se apresentar, e que outros sobreviventes de agressão sexual façam o mesmo, disse.

Para o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, as declarações de Trump são "repreensíveis". O presidente deve "uma desculpa imediata" a Blasey Ford, afirmou. Mas Kellyanne Conway, assessora principal de Trump, defendeu os comentários do presidente e disse que ele se limitou a assinalar "inconsistências objetivas em sua história". Trump simplesmente estava "declarando fatos", disse a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, em entrevista coletiva.

Ainda indecisos, Collins, Flake e outra senadora republicana, Lisa Murkowski, têm um forte peso em um Senado onde os republicanos contam com uma apertada maioria (51-49). (Paul Handley - AFP)

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