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Hospitais de Paris vão produzir em 3D equipamentos que faltam

01 de Abril de 2020 às 15:40

Equipamentos como viseiras de proteção, máscaras, peças para respiradores e material de intubação serão produzidos. Crédito da foto: AFP

 

Os hospitais de Paris estão embarcando na produção dos equipamentos que lhes faltam em impressoras 3D. Viseiras de proteção, máscaras, peças para respiradores, material de intubação, entre outros.

A partir desta quarta-feira (1°), o projeto "3D COVID" permitirá "produzir uma grande quantidade de dispositivos médicos para atender às demandas de equipamentos sem precedentes neste período de epidemia", explicam os hospitais parisienses (AP-HP) em um comunicado à imprensa.

No parque anexo ao hospital de Cochin, no sul da capital francesa, cerca de sessenta impressoras 3D cuspirão os materiais solicitados pelos profissionais da saúde, de acordo com um dispositivo previamente homologado e validado por um comitê científico. Procedimentos acelerados, porém sólidos, insistem os AP-HP.

Válvulas, material de intubação, respiradores, bombas de seringas e máscaras serão  desenvolvidos com os principais fabricantes franceses e sua produção começará o mais rápido possível.

A região de Paris é a mais afetada na França, com 2.700 pacientes infectados com coronavírus em terapia intensiva.

"Dependendo do tipo de equipamento e de sua complexidade, conseguiremos fazer de 300 objetos por dia a 3.000 por semana", disse o Dr. Roman Khonsari, cirurgião maxilofacial por trás do projeto.

Em razão da sua especialidade, o médico sempre se interessou pela tecnologia da impressão 3D, usada para planejar suas operações e em intervenções reparadoras. Em novembro passado, ele abriu um laboratório de pesquisa, com o apoio financeiro da fundação Gueules cassées, criada durante a Primeira Guerra Mundial.

Este projeto dos AP-HP se beneficia do financiamento do grupo de luxo Kering e da experiência de uma jovem empresa francesa, Bone3D, especializada em impressão 3D médica.

Três de seus engenheiros vão se revezar 24 horas por dia para monitorar a produção. O projeto saiu do papel em dez dias, mobilizando cerca de cinquenta médicos, engenheiros, desenvolvedores e empresários do setor privado.

Os procedimentos de homologação foram acelerados para responder à emergência, enquanto alguns equipamentos sofrem escassez crônica desde o início da epidemia e outros acabam devido ao fluxo de pacientes.

Alguns modelos de viseiras de proteção produzidos por impressoras 3D já foram oferecidos aos médicos.

"Mas, mesmo em tempos de crise, não podemos permitir o menor defeito - os materiais não podem soltar durante a intervenção", lembra Khonsari.

O local de produção começará a liberar peças simples para dispositivos de sucção, máscaras de reanimação, quantidades de óculos de proteção e até maçanetas para abrir as portas com o antebraço, sem tocá-las.

"Ainda existem equipamentos que não podemos produzir em 3D, como jalecos, por exemplo. Mas para três quartos é possível", diz o cirurgião.

Muitos profissionais da saúde reclamam na França da falta de equipamento disponível diante da epidemia de coronavírus.

Várias empresas adaptaram sua produção com urgência, como um fabricante de tecidos náuticos no oeste da França, reconvertido para a produção de viseiras protetoras. (AFP)

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