Guaidó comparece a manifestação e convoca greve geral na Venezuela
Guaidó disse que a oposição precisa aumentar a pressão contra Maduro e pediu a seus seguidores que tomem medidas para preparar uma greve geral.
Crédito da foto: AFP.
O líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, apareceu em uma manifestação em Caracas nesta quarta-feira (1º), um dia depois de dar início a uma nova tentativa de derrubada de Nicolás Maduro, com apoio de alguns militares. Guaidó disse que a oposição precisa aumentar a pressão contra Maduro e pediu a seus seguidores que tomem medidas para preparar uma greve geral. Militares e manifestantes opositores se enfrentavam nesta quarta-feira (1º) no leste de Caracas, no âmbito das mobilizações convocadas pelo chefe do Parlamento Juan Guaidó - constatou um jornalista da AFP no local.
O líder oposicionista afirmou que seu movimento está ganhando a luta, apesar da falta de resposta militar firme a seus apelos de insurreição na terça-feira. Segundo ele, "o usurpador perdeu". No Twitter, ele publicou uma série de imagens indicando que populares aderiram a seus apelos e foram às ruas em diversas cidades da Venezuela.
Em outro ponto de Caracas, o líder do partido Socialista Diosdado Cabello, aliado de Maduro, disse em comício a favor do presidente que as forças armadas da Venezuela permanecem unidas, a despeito dos chamados da oposição para que se voltem contra o governo. Cabello afirmou que os militares resistiram "como um bloco", com algumas exceções. Declarou ainda que os líderes da oposição estão "andando como zumbis" depois de não conseguirem provocar a insurreição generalizada instigada por Guaidó.
O presidente boliviano Evo Morales considerou fracassada a tentativa de "golpe de estado na Venezuela" que teria sido orquestrada nos Estados Unidos. "Alguns grupos militares foram enganados e é por isso que fracassa esse golpe de estado. Com bloqueio econômico, apesar dessa situação, o povo revolucionário da Venezuela, os chavistas saíram a defender a dignidade, a independência de seu povo", disse Morales en um ato pelo Dia do Trabalho, em Cochabamba. "Outra vez, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seus aliados latino-americanos fracassaram na Venezuela", acrescentou. (Estadão Conteúdo)
Confrontos
Os confrontos começaram quando dezenas de opositores tentaram bloquear uma autoestrada e lançaram pedras e coquetéis molotov contra a base aérea, onde um grupo de militares se rebelou ontem contra o presidente Nicolás Maduro.
Homens da Guarda Nacional também usaram gás lacrimogêneo para impedir o avanço de mobilização. Crédito da foto: AFP.
Da base, soldados da Guarda Nacional lançaram gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que estavam encapuzados e faziam parte de uma passeata de centenas de pessoas. Homens da Guarda Nacional também usaram gás lacrimogêneo para impedir o avanço de uma pequena mobilização no setor de El Paraíso, a uma distância de menos quatro quilômetros do Palácio presidencial de Miraflores, conforme imagens da imprensa local.
Em outros setores da cidade, como La Florida, membros da oposição denunciaram "repressão" da Guarda Nacional e da Polícia. Ontem, durante o frustrado levante militar liderado por Guaidó, houve distúrbios em várias cidades. De acordo com o governo e com organizações dos direitos humanos, uma pessoa morreu, e dezenas ficaram feridas.
ONU condena uso excessivo da força
Nesta quarta, os Estados Unidos condenaram os ataques contra "manifestantes pacíficos", afirmou o representante de Washington em um conselho permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), Alexis Ludwin. "Os Estados Unidos condenam, nos termos mais firmes, estes ataques contra manifestantes pacíficos", declarou Ludwin.
A sessão extraordinária dedicada à situação na Venezuela foi inaugurada pelo delegado do líder opositor venezuelano Juan Guaidó, o advogado Gustavo Tarre. Ele ocupa a cadeira de Caracas, depois que a OEA decidiu, em votação, não reconhecer os representantes de Maduro. Tarre pediu que fossem exibidas imagens registradas pela imprensa na Venezuela, ontem.
"Estes ataques não vão silenciar o povo venezuelano. O povo conhece a verdade", frisou o delegado dos Estados Unidos. Também nesta quarta, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, advertiu as autoridades venezuelanas para que evitem um "uso excessivo da força" contra os manifestantes. Ela convocou todas as partes a "renunciarem à violência".
"O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos está extremamente preocupado com as informações sobre o uso excessivo da força por parte das forças de segurança contra manifestantes na Venezuela, o que aparentemente deixou dezenas de feridos", declarou a porta-voz de Bachelet, Marta Hurtado, em um comunicado. "Segundo informações recebidas, muitos outros foram detidos", completou.
"Diante dos protestos em massa programados para hoje, fazemos um apelo a todas as partes para que mostrem a máxima moderação e, às autoridades, para que respeitem o direito à reunião pacífica", afirmou Hurtado.
"Também advertimos contra o uso de uma linguagem que incite à violência", acrescentou.
Na declaração, a porta-voz de Bachelet lembra o governo venezuelano de seu dever de garantir a proteção dos direitos humanos de todos e ressalta que esta agência da ONU "continuará monitorando a evolução da situação no país". (AFP)
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