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Greta Thunberg é eleita personalidade do ano pela revista 'Time'

11 de Dezembro de 2019 às 11:59

A ativista começou a ganhar atenção em agosto do ano passado, quando iniciou um protesto solitário na frente do Parlamento sueco. Crédito da foto: Stephanie Keith/Getty Images/AFP (23/09/19)

A ativista ambiental sueca Greta Thunberg, de 16 anos, foi escolhida como Personalidade do Ano pela revista norta-americana Time. A imagem de capa da publicação traz a jovem perto do mar junto da frase "o poder da juventude".

Greta está desde quinta-feira passada, dia 5, em Madri, onde participa da Conferência do Clima da ONU. Ela se tornou um símbolo da luta contra as mudanças climáticas e virou uma celebridade nesse meio. Na COP, toda vez que aparece causa comoção: pessoas tentam se aproximar o tempo todo e os eventos que participa ficam lotados, com filas do lado de fora.

Na terça-feira, 10, a ambientalista foi criticada pelo presidente Jair Bolsonaro, que a chamou de "pirralha". Em resposta, ela adicionou o termo à descrição do perfil que mantém no Twitter.

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Também nesta semana, o dicionário Collins elegeu "greve do clima" como a expressão do ano, observando que o uso do termo aumentou mais de 100 vezes em relação a anos anteriores. O movimento tem Greta como uma das principais lideranças mundiais.

A ativista se tornou essa grande porta-voz das novas gerações em cerca de 16 meses. "Ela se dirigiu a chefes de estado na ONU, reuniu-se com o papa, brigou com o presidente dos Estados Unidos e inspirou 4 milhões de pessoas a se unir à greve climática global em 20 de setembro de 2019, na maior demonstração climática da história da humanidade", destaca a Time.

"Sua imagem foi comemorada em murais e fantasias de Halloween, e seu nome foi atribuído a tudo, desde ações de bicicletas a besouros. Margaret Atwood comparou-a a Joana d'Arc. Depois de perceber um aumento de cem vezes no seu uso, os lexicógrafos do Collins Dictionary nomearam a ideia pioneira de Thunberg, greve climática, a palavra do ano", continua a revista.

"Conseguiu criar uma mudança de atitude global, transformando milhões de vagas ansiedades em um movimento mundial que pedia mudanças urgentes. Ela ofereceu um apelo moral para aqueles que estão dispostos a agir e lançou vergonha para aqueles que não o são", reitera a Time. "Ela concentrou a atenção do mundo nas injustiças ambientais que jovens ativistas indígenas protestam há anos. Por causa dela, centenas de milhares de adolescentes 'Gretas', do Líbano à Libéria, deixaram a escola para liderar seus colegas nas greves climáticas em todo o mundo."

O jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado em 2 de outubro de 2018 no consulado do seu país em Istambul, e outros jornalistas de Estados Unidos, Filipinas e Mianmar foram escolhidos as Personalidades do Ano pela Time no ano passado. Em 2017, a publicação selecionou as pessoas que "quebraram o silêncio" diante do assédio sexual, em meio a acusações contra homens poderosos em diferentes partes do mundo.

Sextas pelo Futuro

A ativista começou a ganhar atenção em agosto do ano passado, quando iniciou um protesto solitário na frente do Parlamento sueco. Todas as sextas-feiras, ela passou a faltar às aulas e, portando apenas um cartaz com os dizeres "em greve escolar pelo clima", distribuía folhetos com uma lista de fatos científicos sobre as mudanças climáticas e explicações sobre por qual motivo ela estava em greve.

O ato era simples, mas firme: ela estava decidida a manter seu manifesto silencioso por todas as sextas-feiras até que o governantes do seu país tomassem medidas concretas para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Sua reivindicação era que a Suécia se adequasse à meta estabelecida pelo Acordo de Paris de conter o aumento da temperatura do planeta a bem menos de 2ºC até o final do século.

Por algum desses motivos difíceis de entender, visto que a adolescente sueca não foi a primeira jovem bem articulada a protestar pelo clima, o protesto de Greta ganhou o mundo e foi o início de um movimento chamado "Fridays for Future" - sextas pelo futuro, que mobiliza milhões de pessoas, em sua maioria jovens, em todo o planeta.

Um resultado inesperado visto que, quando teve a ideia da greve escolar, Greta conta que buscou a adesão de outros colegas, mas sem sucesso. Poucos meses depois, porém, no final do ano passado, ela já tinha ganhado tanta projeção que foi convidada a se dirigir a diplomatas, ministros e chefes de Estados na Conferência do Clima da ONU, na Polônia.

Em janeiro deste ano, discursou no Fórum Econômico Mundial, em Davos: "os adultos continuam dizendo: 'Devemos dar aos jovens esperança', mas eu não quero sua esperança. Eu não quero que você seja esperançoso. Eu quero que você entre em pânico. Eu quero que você sinta o medo que sinto todos os dias. E então eu quero que você aja."

As Sextas pelo Futuro continuaram atraindo cada vez mais gente. Em março, ela foi indicada por um deputado do Partido Socialista norueguês ao prêmio Nobel da Paz. "Se não fizermos nada para conter a mudança do clima, ela será a causa de guerras, conflitos e refugiados", disse o deputado Freddy André Øvstegård. "Greta Thunberg lançou um movimento em massa que eu vejo como a maior contribuição para a paz." (Estadão Conteúdo)