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Equador admite falhas na gestão de mortos

03 de Maio de 2020 às 00:01

Equador admite falhas na gestão de mortos Uma força-tarefa conjunta, militar e policial, foi necessária para recolher os corpos pelo país. Crédito da foto: AFP / Rodrigo Buendia

O presidente do Equador, Lenín Moreno, reconheceu ontem que seu governo enfrentou “problemas” na gestão dos mortos durante a emergência sanitária pelo novo coronavírus, que levou ao colapso de hospitais e funerárias. “Devemos reconhecer que, na fase inicial, tivemos problemas em lidar com os mortos, porque tomamos a decisão de enterrar dignamente cada equatoriano morto, e não como muitos outros países fizeram, criando valas comuns”, disse Moreno, em pronunciamento por rádio e televisão.

Em março, quando o presidente declarou emergência de saúde, Guayaquil (sudoeste do país) se tornou o epicentro da pandemia no Equador, expondo imagens de cadáveres em casas e ruas da cidade. O caos registrado levou o governo a criar no mesmo mês uma força-tarefa conjunta militar e policial para recolher os mortos -- nem todos pela Covid-19. As autoridades também instalaram contêineres para armazenar os corpos, devido à falta de capacidade dos necrotérios dos hospitais.

De 17,5 milhões de habitantes, o Equador registrou até ontem 26.336 casos de contágio por coronavírus, incluindo 1.063 óbitos. As autoridades estimam que existem outras 1.606 mortes “prováveis” pela Covid-19, que não foram submetidas ao testes de diagnóstico. Guayaquil é a cidade mais atingida pela pandemia, com cerca de 8.100 casos.

O Ministério Público do Equador investiga funcionários de três hospitais de Guayaquil por “violações na gestão do sistema de identificação” dos mortos. Nessa cidade, os moradores reclamam os corpos de seus entes queridos e alegam que receberam os restos mortais de outras pessoas, devido a erros de identidade. “Houve uma suposta negligência por parte dos funcionários de hospitais públicos no manejo dos corpos”, disse a promotora Yanina Villagómez em um comunicado. As autoridades aguardam a identificação de 131 corpos que estão em contêineres em um hospital, de acordo com o Ministério Público.

Auxílio emergencial

O Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou ontem um pedido do Equador para a liberação de um auxílio emergencial via Instrumento de Financiamento Rápido (RFI, na sigla em inglês) equivalente a US$ 643 milhões. O montante deve atender necessidades de pagamentos urgentes surgidas em razão da pandemia da Covid-19, além de apoiar os setores mais afetados do país, incluindo os sistemas de saúde e de assistência social.

O FMI reconhece em comunicado oficial sobre a liberação da ajuda financeira que a pandemia e a expressiva queda nos preços do petróleo representaram um grande desafio para a economia equatoriana e geraram importantes restrições de financiamento, uma vez que o Equador é um dos maiores exportadores de petróleo da América Latina. (AFP)