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Em Jerusalém, Páscoa é revivida

03 de Abril de 2021 às 00:01

Em Jerusalém, Páscoa é revivida Fieis oram no Santo Sepulcro, igreja considerada o lugar mais sagrado do cristianismo. Crédito da foto: Emmanuel Dunand / AFP

Num canto da Igreja do Santo Sepulcro, as lágrimas de Angèle Pernecita revelam uma emoção que esta cristã tem dificuldade em traduzir em palavras. Confinada no ano passado devido ao coronavírus, a agora vacinada filipina compartilha o fervor que toma Jerusalém na Páscoa.

Como ela, centenas de fiéis caminharam ontem (2) pelos paralelepípedos da Cidade Velha por ocasião desta Sexta-feira Santa, recordando a crucificação de Cristo. E no Santo Sepulcro, igreja considerada o lugar mais sagrado do cristianismo, as orações de uma multidão ecoaram como não se ouvia em meses.

Em seu interior, alguns não hesitaram em tocar ou mesmo beijar, com ou sem máscara sanitária, a Pedra da Unção, placa de calcário avermelhado sobre a qual foi embalsamado o corpo de Cristo antes de ser sepultado, segundo a tradição.

“É muito melhor do que no ano passado”, diz Pernecita, com o rosto coberto de lágrimas. A dona de casa de 46 anos, que mora em Israel há mais de 10 anos, acompanhou as missas da Páscoa de 2020 pela internet. Naquele momento, as autoridades israelenses haviam acabado de ordenar o fechamento dos locais sagrados, além de escolas e empresas, para limitar a propagação do vírus.

Assim, a Igreja do Santo Sepulcro ficou fechada para a Páscoa pela primeira vez em pelo menos um século.

Hoje, “é como viver de novo”, afirma Lina Sleibi, uma palestina de Jerusalém, que também celebrou a Páscoa sem igreja e sem grande reunião familiar no ano passado.

“Foi difícil, como se a cidade estivesse morta”, conta a jovem de 28 anos que canta durante as missas em Belém, outra cidade sagrada a poucos quilômetros de Jerusalém.

Sair do túmulo

Em 2020, apenas quatro religiosos percorreram a Via Crúcis, o caminho de sofrimento onde Jesus, segundo os Evangelhos, encontrou sua mãe, caiu, recebeu ajuda para carregar a cruz e encontrou mulheres que choravam. (AFP)