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Covid, furacões e violência impulsionam migração aos EUA, diz ONG

16 de Março de 2021 às 16:19

Presidente dos Estados Unidos Joe Biden. Crédito da foto: Samuel Corum/Getty Images/AFP 

A pandemia de covid-19, os desastres naturais e a violência criaram uma crise humanitária "sem precedentes" e "crescente" na América Central, que está impulsionando a migração para os Estados Unidos, indicou a ONG americana International Rescue Committee (IRC) nesta terça-feira (16).

A IRC alertou que a piora das condições de vida em Honduras, Guatemala e El Salvador está contribuindo para o aumento dos fluxos migratórios da região em direção ao norte do continente.

A plataforma CuéntaNos, do IRC, disponível nesses três países para fornecer informações sobre a emergência sanitária, requisitos de imigração e casos de violência doméstica, mostrou um forte aumento nas consultas entre novembro de 2020 e janeiro de 2021.

Os especialistas do IRC atribuem essa alta ao agravamento da desaceleração econômica devido à covid-19, aliado a uma maior violência nas ruas e nas residências e à passagem devastadora dos furacões Eta e Iota, que atingiram a região em novembro do ano passado, deixando 3,4 milhões de pessoas precisando de ajuda com urgência.

“Dois desastres naturais simultâneos, pobreza crescente, violência de gênero e casos de covid estão levando milhões no norte da América Central a uma crise ainda mais profunda. (...) Cada vez mais pessoas são - e serão - forçadas a fugir este ano", disse Meghan López, vice-presidente regional da IRC para a América Latina.

“Está muito claro a partir dos dados da IRC que a ajuda internacional é necessária para lidar com as raízes do deslocamento, que fazem com que as pessoas no norte da América Central empreendam uma jornada desesperada para fora da região em busca de segurança”, acrescentou.

López comemorou a intenção do governo de Joe Biden de destinar 4 bilhões de dólares para a assistência à América Central e melhorias no sistema de asilo dos Estados Unidos, que segundo ela é por enquanto o único recurso para muitas pessoas vulneráveis.

“Esses fundos são necessários com urgência na América Central, mas é preciso uma abordagem regional e sistemática para alcançar uma mudança sustentável”, afirmou.

Se os fatores subjacentes que impulsionam a migração não forem tratados, como a violência, a falta de emprego, a escassez de serviços de apoio e o impacto de eventos relacionados ao clima, o deslocamento para todos os países da região e a fronteira sul dos EUA continuará, apontou a IRC.

A Comissão Mexicana de Ajuda aos Refugiados do governo do México informou no início de março que, em apenas dois meses de 2021, mais de 9 mil pessoas de Honduras, Guatemala e El Salvador solicitaram asilo, o que representa 40% de todos os pedidos apresentados em 2020. (AFP)