Corrida mundial por vacina contra coronavírus se intensifica
Atualmente, cinco projetos estão em fase de testes em humanos, segundo as autoridades alemãs. Crédito da foto: KARIM SAHIB / AFP
A corrida global para encontrar uma vacina contra o novo coronavírus, a única maneira possível, segundo a ONU, de voltar à normalidade, está se intensificando com os primeiros ensaios clínicos na Alemanha e no Reino Unido.
Na Alemanha, as autoridades federais encarregadas da certificação de vacinas aprovaram nesta quarta-feira (22) testes clínicos em humanos pelo laboratório alemão BioNTech, sediado em Mainz, em colaboração com a gigante americana Pfizer.
Esses ensaios, os quintos em humanos em todo mundo, segundo o Instituto Paul Ehrlich (IPE), são "um estágio importante" para que a vacina esteja "disponível o mais rápido possível".
Este órgão alega ter dado sua aprovação após uma "avaliação completa do relatório de riscos/benefícios potenciais" do produto que está sendo testado.
Primeira dose
Estes testes serão inicialmente realizados com 200 voluntários saudáveis entre 18 e 55 anos de idade. A segunda fase deve ser realizada com voluntários com perfil de risco, segundo o IPE.
De acordo com o instituto, o objetivo é "determinar a tolerância geral da vacina testada e sua capacidade de fornecer uma resposta imune contra o patógeno", um vírus do tipo RNA, que tem a particularidade de sofrer mutações.
Testes também estão previstos a partir de quinta-feira no Reino Unido, com a primeira dose administrada em humanos no âmbito de um projeto liderado pela Universidade de Oxford e patrocinado pelo governo.
Na primeira fase, estes testes envolverão 510 voluntários entre 18 e 55 anos de idade. Metade deles receberá a nova vacina, e o restante, uma vacina de controle.
Em paralelo à pesquisa, um primeiro milhão de doses será produzido para que, em caso de sucesso, a vacina esteja rapidamente disponível. As chances de sucesso são estimadas em 80% por seus criadores.
Na Alemanha, o IPE não especifica quando exatamente os testes serão iniciados, mas o presidente da BioNTech, Ugur Sahin, garantiu que começam "no final de abril".
Os primeiros dados podem estar disponíveis "no final de junho, ou no início de julho", acrescentou.
Este laboratório, especializado em tratamentos contra o câncer, e a Pfizer agora esperam obter a aprovação das autoridades de saúde americanas para lançar ensaios nos Estados Unidos.
Outros laboratórios também devem lançar testes em humanos na Alemanha nos próximos meses, diz o IPE. No momento, não há tratamento ou vacina contra a Covid-19, que causou mais de 177.000 mortes no mundo inteiro e infectou cerca de 2,5 milhões de pessoas.
Encontrar uma vacina é a única maneira possível de voltar à "normalidade" no mundo, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, na semana passada, pedindo para acelerar os projetos em andamento.
Uma resolução da ONU adotada na segunda-feira pede acesso "justo, eficaz e rápido" a uma possível vacina.
Luta acirrada
Atualmente, cinco projetos estão em fase de testes em humanos, segundo as autoridades alemãs. Os primeiros ensaios clínicos foram anunciados em meados de março por desenvolvedores chineses e americanos.
Em 16 de março, Pequim aprovou o primeiro teste de uma vacina desenvolvida pela Academia de Ciências Médicas Militares e pela empresa de biotecnologia CanSino Bio.
No mesmo dia, a empresa americana Moderna, produtora de medicamentos, afirmou ter iniciado testes em humanos em colaboração com os institutos federais de saúde.
A busca por uma vacina contra o vírus provoca uma luta feroz em alguns países. O governo alemão teve de agir para interromper "in extremis" contatos adiantados da Casa Branca para comprar o laboratório farmacêutico alemão CureVac.
No mesmo sentido, a Comissão Europeia acaba de pedir aos 27 países da União Europeia que "se protejam" da ameaça de comprar empresas em setores estratégicos. (AFP)
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