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Avião ucraniano deu meia-volta devido a 'um problema'

09 de Janeiro de 2020 às 09:21

Homenagens foram prestadas às vítimas do acidente. Crédito da foto: Sergei SUPINSKY / AFP (09/01/2019)

O Boeing 737 da companhia Ukraine International Airlines que caiu na quarta-feira (8) em Teerã, matando as 176 pessoas a bordo, fez meia-volta para retornar ao aeroporto devido a um "problema" - afirmou a Organização da Aviação Civil (CAO) iraniana nesta quinta-feira (9).

"O avião desapareceu dos radares no momento em que atingiu uma altitude de 2.400 metros. O piloto não transmitiu nenhuma mensagem de rádio sobre circunstâncias incomuns", informou a CAO no primeiro relatório da investigação preliminar do acidente.

"De acordo com testemunhas oculares, houve um incêndio no avião que se tornou mais intenso", acrescentou o relatório publicado no site da CAO.

As testemunhas oculares citadas seriam pessoas em terra que observavam o avião decolar e outras que estavam em um avião que voava a uma altitude mais alta do que o Boeing no momento da tragédia.

"O avião que se dirigia, a princípio, para o oeste para sair da zona do aeroporto virou à direita, devido a um problema, e estava voltando para o aeroporto quando caiu", relatou a CAO.

Segundo a agência oficial de notícias Irna, uma equipe de especialistas ucranianos chegou a Teerã antes do amanhecer para participar da investigação.

O voo PS752 da UIA decolou às 6h10 (23h40 de terça-feira no horário de Brasília) do aeroporto Imam Khomeiny, de Teerã, com destino ao aeroporto Boryspil, de Kiev.

Segundo a diplomacia ucraniana, havia 82 iranianos, 63 canadenses, dez suecos, quatro afegãos e três britânicos a bordo do Boeing. Outros 11 eram ucranianos, incluindo nove tripulantes.

A CAO indicou que 146 passageiros tinham passaporte iraniano; 10, passaporte afegão; cinco, passaporte canadense; quatro, sueco; e 11, ucraniano.

A diferença é explicada pela presença de inúmeras pessoas com dupla nacionalidade (entre elas, a priori, 140 iraniano-canadenses), que podem entrar e sair da República Islâmica apenas mediante a apresentação de seu passaporte iraniano.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, pediu uma "investigação completa" dessa catástrofe aérea, a mais mortal para os canadenses desde o ataque a um Boeing 747 da Air India em 1985. Neste episódio, 268 cidadãos morreram.

Como anfitrião de uma grande diáspora iraniana, o Canadá rompeu relações diplomáticas com o Irã em 2012 e censurou a República Islâmica por seu apoio ao governo de Bashar Al-Assad na Síria.

Já os Estados Unidos pediram "cooperação total com todas as investigações sobre as causas" (do acidente).

Teerã se recusa a entregar as caixas-pretas da aeronave à fabricante americana Boeing. A OAC anunciou, porém, que as mesmas, recuperadas já na quarta-feira, serão enviadas "para o exterior".

Apenas alguns países, incluindo Estados Unidos, Alemanha e França, têm capacidade técnica para analisar caixas-pretas.

A catástrofe do 737 da UIA ocorreu em meio a graves tensões entre Irã e Estados Unidos, e logo após o lançamento de mísseis por parte de Teerã contra bases usadas pelos militares americanos no Iraque, em resposta ao assassinato de um importante general iraniano em Bagdá.

Nada indica, contudo, que esses eventos estejam relacionados. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, alertou contra todas as "especulações" sobre a tragédia.

Nesta quinta, Zelenski decretou um dia de luto nacional e prometeu estabelecer "a verdade" sobre o episódio.

"Em 9 de janeiro, é decretado um dia de luto nacional", disse o chefe de Estado em um vídeo postado no Facebook algumas horas após seu retorno de férias em Omã.

Este é o primeiro acidente fatal da UIA, uma empresa que pertence, em parte, ao oligarca Igor Kolomoiski, conhecido como próximo ao presidente Zelenski.

Afetada por um escândalo em torno de seu 737 MAX, a Boeing disse que está "disposta a ajudar por todos os meios necessários". (AFP)