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Angela Merkel encerra uma era e deixa liderança do partido

07 de Dezembro de 2018 às 11:33

Angela Merkel "Sinto reconhecimento por ter sido presidente durante 18 anos", afirmou Merkel - Foto: Odd Aandersen/AFP

Após 18 anos de comando, Angela Merkel entrega nesta sexta-feira (7) a liderança de seu partido conservador, após uma votação histórica da CDU que pode ser decisiva para o rumo da Alemanha no futuro. A votação dos 1.001 delegados da União Democrata-Cristã (CDU) reunidos no congresso partidário em Hamburgo pode ter uma importância histórica para o país, pois "aquele que conquistar a presidência do partido mais importante na Alemanha se tornará chanceler no longo prazo", explicou à AFP o cientista político Eckhard Jesse, da Universidade de Chemnitz.

Três candidatos disputam a liderança do partido. A primeira é Annegret Kramp-Karrenbauer (conhecida como "AKK"), 56 anos, secretária-geral do partido, considerada a "Merkel bis", já que defende a mesma linha de centro-direita da chanceler. O segundo é o milionário Friedrich Merz, de 63, que propõe uma guinada à direita da CDU e do país. Afastado por Merkel no passado, ele deseja retornar à linha de frente após uma década de ostracismo político.

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O terceiro candidato é o jovem ministro da Saúde, Jens Spahn, muito crítico de Merkel, mas suas possibilidades são consideradas reduzidas. Depois de 13 anos à frente da maior potência econômica e política europeia, Merkel renunciou no fim de outubro à liderança da CDU, após os resultados negativos do partido nas eleições regionais na Baviera (sul) e em Hesse (oeste).

'Reconhecimento'

"Sinto reconhecimento por ter sido presidente durante 18 anos", afirmou Merkel na abertura do congresso na quinta-feira. "Foi um período muito longo, no qual a CDU passou por altos e baixos", acrescentou. A chanceler alemã, chamada carinhosamente no passado de "Mutti" (Mamãe) pela imprensa alemã, espera chegar ao fim de seu mandato como chefe de Governo, previsto para 2021. Isso dependerá em grande parte, porém, de seu sucessor à frente da CDU.

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Para Eckhard Jesse, a possibilidade de Merkel concluir seu mandato "está praticamente descartada, pois o SPD (Partido Social-Democrata) não permanecerá na coalizão de governo até este ano". Diante da pressão do partido de extrema-direita Alternativa para Alemanha (AfD) e do Partido Verde (centro), a centro-direita alemã enfrenta um cenário de declínio eleitoral e precisa de um novo impulso.

Ao lado do aliado bávaro CSU (União Social-Cristã), a CDU tem de 26% a 28% das intenções de voto, de acordo com as pesquisas. Nas legislativas de setembro de 2017, a coalizão recebeu 33% dos sufrágios. Os social-democratas, que integram a grande coalizão de governo da Alemanha, enfrentam uma grave crise eleitoral.

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As perspectivas eleitorais do AfD, a terceira força política no Parlamento alemão após o ótimo resultado em setembro do ano passado, ganharam força com o medo da imigração estimulada pela política de Merkel, que aceitou abrir as fronteiras do país e receber mais de um milhão de sírios e iraquianos entre 2015 e 2016. Para os aspirantes à liderança da CDU, o principal objetivo é recuperar os antigos eleitores, que agora preferem a extrema-direita. Por este motivo, Merz questionou o direito de asilo na forma como está definido na Constituição alemã.

Kramp-Karrenbauer aposta na proposta de repatriar os refugiados condenados por algum crime, inclusive os sírios. Todos os candidatos querem distância do legado de Merkel. "Foi um erro levar a CDU para a esquerda, o que permitiu ao AfD se situar à direita sem fazer grandes esforços. Também foi um erro permitir durante meses uma perda de controle nas fronteiras", afirmou a revista Der Spiegel. "A CDU deve reconhecer, embora com isto pareça que vão matar a mãe", completou a publicação. (Isabelle Le Page - AFP)

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