Márcio falou durante 40 minutos sobre o atual momento do clube. Crédito da foto: Fábio Rogério

Três meses e meio após ver o São Bento ser rebaixado à Série A2 do Campeonato Paulista, o presidente do clube, Márcio Rogério Dias, conversou com a imprensa, na última quarta-feira para, como ele mesmo disse, “prestar contas do clube para a comunidade beneditina”.

Por cerca de 40 minutos, o mandatário do Azulão falou sobre diversos assuntos, entre eles: o planejamento que não deu certo para o Paulistão 2019, a postura dos jogadores no time que atualmente ocupa a 16ª posição na Série B, a manutenção de Doriva no cargo de treinador na parada para a Copa América e até um apelo em busca de maior apoio da cidade para o clube.

Márcio ressaltou o trabalho da atual ala política do Bentão. Segundo o dirigente, “assumimos o comando com o time afundado em dívidas” e hoje “conta com o respeito do mundo do futebol”. Confira abaixo os principais trechos da entrevista, que foi uma mistura de prestação de contas, desabafo e cobranças.

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Paulista 2019

Era um desejo da imprensa, do torcedor, da própria diretoria a mudança de patamar de jogadores. Nós fizemos isso. Trouxemos jogadores renomados. E foi um dos elencos, de todos os anos que estou no clube, em que mais investimos. Foi o mais caro. Porque nós sabíamos da dificuldade que seria a Série B, por conta da redução de cotas e patrocínios no segundo semestre.

Nos primeiros três meses, o dinheiro está no Campeonato Paulista. Por isso, fizemos o investimento. Com anuência de toda a diretoria. Todos estavam cientes, inclusive ex-presidentes, todos. Infelizmente, não deu certo. Tivemos um retrocesso e sempre há perda. Se fosse do desejo do diretor e do presidente do clube, com certeza, nós dispensaríamos mais de 18 jogadores. Mandar embora é a coisa mais gostosa que tem para um diretor. Mas tem que ter responsabilidade para mandar embora. O São Bento tem responsabilidade porque tem custo. Temos que reconhecer que não deu certo. A minha dor é dupla: dói como torcedor e dirigente.

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Postura do elenco

Ganhar, perder, faz parte. Agora, não ter comprometimento, não ter entrega, não ter dedicação, eu não admito. Fazer sacanagem, eu não admito. Eu e a nossa diretoria. Quero deixar claro aqui: aquele que não se enquadrar, nós vamos desligar. Porque acreditamos no trabalho da comissão técnica. Foi assim que fizemos ao longo dos últimos anos. Foi assim no trabalho vitorioso que tivemos à frente dos últimos anos, com o comando do Edson Vieira, um parceiro e amigo, e o mesmo se refere ao Paulo Roberto. Nós acreditamos e temos que acreditar. Deixando muito claro e tranquilo, todos os atletas sabem disso. Devemos fazer ainda outros desligamentos e, também, com certeza, estamos indo ao mercado. Já estamos negociando com um lateral-direito. Acreditamos em mais três peças, junto com o lateral, para fecharmos o elenco.

Doriva e comissão técnica

Ao longo do primeiro semestre nós tivemos três treinadores. Se contar o Luizinho Rangel, seriam quatro. Seria uma insanidade da diretoria trocar o comando neste momento. Nós temos plena convicção do trabalho firme e forte que esse rapaz chamado Doriva faz. Uma pessoa espetacular, que trabalha muito. Não é à toa que foi campeão baiano com o Vitória, campeão carioca com o Vasco, campeão paulista com o Ituano. É um cara totalmente diferenciado. Jogou na Inglaterra, Espanha, Portugal, Itália e chegou na seleção brasileira. Temos a plena convicção no trabalho do Doriva, do Kamimura (preparador físico), do Luizinho Rangel (auxiliar técnico), do Dida (preparador de goleiros) e do Marcelo Cordeiro, agora. Nós acreditamos nesta comissão. Temos a convicção que o trabalho dará certo. Não posso garantir que o Doriva ficará até o final do ano, mas ele fica o tempo que a diretoria achar necessário. Hoje ele tem a plena convicção.

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Humberto Reale e estruturas físicas

Pelo acontecimento no Ninho do Urubu (centro de treinamento do Flamengo que pegou fogo e vitimou dez garotos das categorias de base do clube), nós resolvemos fechar o Humberto Reale para que possamos fazer uma revitalização jurídica e física. Faremos a averbação do prédio, tirando o Habite-se, o AVCB, a vigilância sanitária. Vamos trabalhar nos reparos, na preparação do campo. Temos um projeto para apresentar aos conselheiros e aos torcedores. Fizemos a sala de imprensa do CIC, o departamento de fisioterapia totalmente novo. Compramos uma máquina para o departamento médico caríssima. O clube vai ter uma lavanderia industrial. Essa diretoria é voluntária. É muito difícil você deixar a sua vida pessoal para estar aqui. O São Bento não tem uma estrutura, só a diretoria que está trabalhando.

Apoio da cidade

A deputada Maria Lúcia Amary destinou R$ 300 mil para o clube. Eu espero que o prefeito honre o ofício. O mínimo que ele tem que fazer é honrar o ofício, é o mínimo que a gente espera. Eu vou cobrar o prefeito, sim. Nós, Sorocaba, precisamos nos unir. Se conseguirmos manter o clube na Série B, vamos precisar de uma reforma no CIC. Hoje o São Bento cuida da sala de imprensa, do vestiário e do campo. Isso é o combinado. Estamos tratando do campo e cuidando. Agora, espero que não façam festa. Que não venham outras partidas. Estamos tendo muito gasto com o gramado para não termos punição e ter que jogar em outro lugar, o que gera custo. O que é mais precário hoje é a iluminação, que é a pior do país. Isso não é culpa do prefeito e nem do secretário. Agora, o CIC, hoje, só serve para o Esporte Clube São Bento e nós precisamos de melhorias. Reformas no banco de reservas, camarotes, parte elétrica, hidráulica. Precisamos de estrutura para receber os jogos. Então, espero que este recurso da deputada chegue, pois quando o Raul Marcelo era deputado, ele mandou dinheiro e ainda não conseguimos terminar a obra da ferradura por uma questão burocrática. Precisamos conscientizar: Sorocaba precisa apoiar o Esporte Clube Sorocaba. O clube é o maior embaixador da cidade. (Zeca Cardoso)

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