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O camisa 9 do futebol moderno

15 de Agosto de 2018 às 13:56

Esdras Felipe Pereira

De um camisa 9 tradicional, centralizado, à moda antiga, a um camisa 9 adaptável, com mais mobilidade. Desde o início da carreira, Ricardo Bueno era conhecido, sobretudo, pelas características de um centroavante cuja especialidade era a finalização. No São Bento não foi diferente, ao menos em 2017, quando ele foi um dos pilares para livrar o time do rebaixamento no Campeonato Paulista. Mas, em seu retorno ao clube neste ano, é possível notar diferenças no modo de atuar do experiente atleta, de 30 anos, principalmente com a chegada de Marquinhos Santos como técnico.

Bueno voltou ao Azulão no início de junho. De lá para cá, foram nove jogos e três gols marcados na Série B do Campeonato Brasileiro. O torcedor mais "corneteiro" pode até questionar a média de um gol a cada três partidas dele. Os mais atentos à importância tática, no entanto, certamente têm reparado que o atacante costuma "flutuar" mais conforme o esquema tático do time, abrindo espaços nos sistemas defensivos adversários: o tal "falso 9" do futebol moderno.

Tanto na vitória por 2 a 1 contra o Atlético Goianiense, em casa, quanto na derrota por 1 a 0 para o Vila Nova-GO, fora, o centroavante, várias vezes, ocupava os extremos do campo -- espaços teoricamente de Cléo Silva e Branquinho, jogadores de mais velocidade.

No último compromisso, o empate em 1 a 1 com o Brasil de Pelotas, a missão dele mudou um pouco, especialmente no segundo tempo. Mesmo centralizado, por vezes recuava alguns metros para buscar a aproximação com o meia Diogo Oliveira. "A zaga do Brasil (de Pelotas), por identidade, é de muita força e praticamente anulou o Bueno no primeiro tempo. Depois do intervalo nós trouxemos ele para que fizesse a função paralela ao Diogo, com o Branquinho e o Cléo fazendo o "facão". E aí o Bueno teve uma ou duas bolas de frente para definir", explicou Marquinhos Santos.

Bem fisicamente 

A nova fase de Bueno também tem relação inegável com seu aspecto físico. O atacante, que já teve passagens, entre outros clubes, por Palmeiras, Atlético Mineiro e Grêmio, sofreu ao longo da carreira com algumas lesões. No ano passado, então, ele procurou a ajuda de um profissional para realizar um trabalho à parte. "Conheci um profissional de fisioterapia muito bom, de Barueri, que tem me ajudado bastante. Tem feito a diferença do ano passado para cá. Diminuíram as lesões. Na verdade, a minha última lesão muscular foi contra o Corinthians, na estreia do estadual do ano passado", comentou, em entrevista coletiva na semana passada.

O fisioterapeuta, segundo o atacante, tem trabalhado a biomecânica, ou seja, as forças envolvidas nos movimentos do corpo. "Descobrimos que eu tinha um bloqueio no quadril e isso atrapalhava muito quando se trata de movimentos em alta velocidade. Então, quando a parte muscular era muito exigida, o quadril estava bloqueado e "estourava"", contou Bueno. Graças à dedicação além do dia a dia no clube, o atleta afirma que, nos testes fisiológicos, tem melhorado cada vez mais. "Os testes mostram ganho de força, resistência e, no pós-jogo, a recuperação tem sido mais rápida", disse. E garantiu: "Vou manter o trabalho para continuar essa evolução."