São Bento
‘Nascimento’ do Tira-Prosa, em 1968, foi contra a Lusa
A Portuguesa, adversária desta final do Paulista Série A2, foi também a primeira oponente do pássaro azulão Tira-Prosa, mascote do São Bento que nasceu pela imaginação do cartunista Pinochio (Pedro Gonçalves) nas páginas do jornal Cruzeiro do Sul. Em 18 de fevereiro de 1968, Azulão e Lusa iriam se enfrentar pelo Campeonato Paulista da Divisão Especial. Em alusão ao confronto, Pinochio desenhou o pássaro que derrota os adversários com uma clava nas mãos apresentando-se à Severa, mascote lusitana da época -- e que esconde um alçapão (gaiola) para tentar prendê-lo. E iria conseguir, já que o São Bento perderia por 3 a 1.
Quem pesquisou as origens do mascote são-bentista foi o historiador e torcedor Guilherme Feliciano. Até então, o clube era representado por uma personificação do próprio São Bento -- um velhinho de barba, túnica e auréola na cabeça, também criado por Pinochio. Sem precisar ser politicamente correto, ele podia esconder uma faca e chamar o periquito do Palmeiras para a briga, por exemplo. Para Feliciano, essa pode ser uma das razões que levaram à sua “aposentadoria” como mascote -- embora a justificativa oficial, na época, fosse de que a diretoria do clube e da Associação dos Cronistas Esportivos de Sorocaba (Aces) viram, na criação de um novo símbolo, uma forma de despertar a torcida.
A charge de São Bento x Portuguesa foi a “pré-estreia” do Tira-Prosa, oficializado dias depois, em 3 de março de 1968, quando Pinochio desenhou o próprio santo, que não mais voltaria a aparecer, entregando ao pássaro azulão o porrete para “bater” nos oponentes -- metáfora da época para “vencer”.
Reencontro
Por muito tempo, Tira-Prosa e Severa estiveram longe do imaginário dos torcedores. O pássaro azulão ficou de escanteio durante a decadência do São Bento, entre os anos 1990 e 2010. Já a fadista portuguesa criada por Nino Borges nas páginas de A Gazeta Esportiva -- que, de acordo com o jornalista e VP de comunicações da Lusa, Everton Calício, faz alusão à Dina Thereza, protagonista da personagem Severa no filme homônimo de 1930 -- foi substituída pelo Leão em 1994, só retornando em 2021.
É por isso que, após 54 anos, recuperamos a histórica charge de Pinochio, com colaboração do torcedor são-bentista William Alves (https://owillalves.com.br/) e do nosso departamento de arte, para esta decisão inédita. (Eric Mantuan)