Buscar no Cruzeiro

Buscar

Quatro grandes de São Paulo devem mais de R$ 2 bilhões

06 de Maio de 2020 às 00:01

Quatro grandes de SP devem mais de R$ 2 bi Corinthians é o time mais endividado do Estado. Crédito da foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians

Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo são grandes atualmente não só na tradição, como também no volume de dívidas. Um estudo da empresa Ernst & Young mostra o quanto os quatro principais clubes do futebol paulista estão com débitos gigantes. Juntos, os quatro têm pendências no valor de R$ 2,2 bilhões, um montante que é 182% maior do que o registrado em 2010.

A análise financeira leva em conta os balanços oficiais divulgados pelas equipes anualmente. O mais recente deles foi publicado dias atrás, com as informações sobre 2019. O nível de dívidas dos clubes chegou a um patamar considerado pelos autores do estudo como preocupante. Até porque este ano, com o grande impacto do novo coronavírus nas receitas dos times, é improvável que os números das finanças melhorem. “Todos os números são de uma época antes da Covid-19. A pandemia só aprofundou essa situação complicada”, disse o diretor executivo da Ernst & Young, Pedro Daniel.

Quem tem a situação mais delicada é o Corinthians. Na última década, o clube aumentou o endividamento em 425%. O São Paulo também não fica tão atrás: os débitos aumentaram 309% no mesmo período. Palmeiras e Santos tiveram problemas um pouco menores. O endividamento aumentou, respectivamente, 101% e 66%.

A elevação crescente de gastos dos clubes e o descompasso com os faturamentos explicam resultados tão ruins. “A gente faz ‘voos de galinha’. As equipes algumas vezes têm boas gestões por alguns anos e depois voltam ao seu patamar. O clube fica dependente da sorte de ter algumas temporadas positivas, com títulos e premiações, mas sem projeto sólidos”, explicou Daniel

A falta de diversificação de receitas é um dos grandes problemas. Os quatro times são muito dependentes de direitos de transmissão e da venda de jogadores. Quando esses segmentos vão mal, as contas não fecham. Quem se apresenta como exceção nesse cenário é o Palmeiras, por contar com mais faturamentos vindos do estádio.

Uma das equipes mais dependentes da negociação de jogadores é o São Paulo. Se o clube do Morumbi não consegue vender as revelações do CT de Cotia, fecha no vermelho. A transferência de atletas foi a principal fonte de receita em três dos últimos cinco anos. Em 2019, lucrou 30% a menos com vendas do que no ano anterior. Como resultado isso, a equipe registrou déficit de R$ 156 milhões.

Chance de mudança

A revelação de dados tão negativos e a pandemia abrem discussões sobre a aplicação do fair-play financeiro e a possibilidade de transformar os clubes em empresas. “A gente tem um bom motivo para acelerar as mudanças que deveriam ter sido feitas no passado. O coronavírus não é o motivo dos problemas”, explicou o gerente sênior da Ernst & Young, Gustavo Hazan. “Se os times de futebol fossem empresas tradicionais, já teriam fechado as portas devido a tantos prejuízos e dívidas”, resumiu. (Estadão Conteúdo)