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Presidente do Santos usa colete à prova de balas em eleição e cita ameaças

29 de Setembro de 2018 às 17:21

O presidente do Santos José Carlos Peres compareceu neste sábado (29) à votação do processo de impeachment que definirá o próprio futuro político no clube vestindo um colete à prova de balas. Peres diz que ele e a sua família receberam ameaças de morte.

"[Estou utilizando] para a minha segurança, tenho recebido muitas ameaças de morte. Ligaram para a minha mãe, que tem 90 anos, mora em Curitiba, para dizer que ela e todos os meus irmãos todos iam morrer. É um terrorismo. Isso já está na Polícia Federal para investigações", disse.

Peres diz que ele e a sua família receberam ameaças de morte. Crédito da foto: Ivan Storti / Santos FC 17/9/2018

Apesar da queixa do dirigente, até o momento muitos sócios comparecem à Vila Belmiro em clima de tranquilidade. Próximo aos portões do estádio são distribuídas camisas com os dizeres "por um Santos FC novo diga sim", sugerindo aprovação do processo de impeachment, além de uma faixa: "Fora Peres de Santos devolva o título de cidadão santista".

"Não me arrependo [de ter assumido] porque é um desafio de vida. Vamos arrumar o Santos e tirar essa máfia do clube, como foi feito em Chicago quando prenderam o Al Capone. Foi alguém que lutou, sofreu ameaças de morte, atentados, mas colocou na cadeia. Temos que colocar uma meia dúzia na cadeia", afirmou Peres.

A votação acontece dentro do ginásio do clube. O pleito foi iniciado às 10h30, após o registro de 100 associados, número mínimo exigido pelo estatuto do clube para dar início ao processo. A votação ocorrerá até às 18h seguida, posteriormente, de apuração. O ex-presidente Modesto Roma Júnior, opositor de Peres nas últimas urnas, criticou a medida adotada pelo atual mandatário e o processo que pode culminar com a saída do dirigente após nove meses: "Tudo isso é muito ruim, o clube não merece isso, mas tem que fazer. É um dever do sócio definir. Sempre andei de peito aberto pelo clube".

Modesto ainda sugeriu que, caso seja obrigado a deixar o clube, o vice-presidente Orlando Rollo, hoje principal adversário político de Peres, também renuncie. O colégio eleitoral santista possui pouco mais de 17 mil pessoas. Na eleição presidencial, que ocorreu em dezembro do último ano, foram cerca de 5.600 votos. Na votação, cada eleitor recebe duas cédulas porque há dois processos de impeachment contra Peres aprovados pelo conselho deliberativo do clube. Para ser impedido, é necessário 50% dos votos mais um.

O vice-presidente do clube Orlando Rollo não poupou novas críticas direcionadas Peres. Após trocar uma série de insultos e acusações via imprensa nos últimos dias, o dirigente ironizou o uso do colete à prova de balas adotado pelo dirigente.

"Sinceramente? É mais uma ofensa contra a cidade de Santos. Aqui não tem criminoso, não. Ninguém quer a morte do presidente Peres. Querem, sim, que ele saia do Santos. Enquanto o colete dele é a prova de balas, o meu colete é a camisa do Santos", rebateu Rollo. "Ele não para de se vitimizar, essa palhaçada de vir de colete e mostrar. Trabalho há 16 anos na área de segurança pública. Quem está com medo, não vai mostrar aos seus algozes. É uma tentativa de quinta categoria de se vitimizar", completou.

?Rollo chegou por volta de 16h20 para votar no pleito. Se houver impedimento de Peres, o dirigente automaticamente assume o cargo máximo. Ele prometeu que reunirá as "principais forças vivas do Santos" para decidir o que será melhor para o clube. Publicamente, disse ainda que existe a possibilidade de renunciar, mas que está pronto para ser presidente. (Folhapress)