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Possível paralisação do Paulista gera embate entre MP e FPF

09 de Março de 2021 às 20:36

Corinthians joga reforçado com o Fortaleza O goleiro Cássio foi um dos contaminados por Covid-19 em surto recente no Corinthians. Crédito da foto: Rodrigo Coca / Ag. Corinthians

Após o procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo, recomendar a suspensão de jogos de futebol no Estado para conter o avanço da Covid-19 em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) estuda a possibilidade de interromper o Campeonato Paulista. O anúncio da decisão sobre o torneio deve ocorrer hoje (10).

O Estadão apurou que a tendência é de que o Estadual seja paralisado. Caso não acate o pedido do Ministério Público (MP), o governo fica sujeito a uma ação civil pública. Além disso, técnicos do governo avaliam que o MP foi um aliado ao atuar para enquadrar prefeitos do interior do Estado que se recusaram a cumprir determinações estaduais de restrições ao comércio. Dessa forma, não acatar a recomendação poderia gerar ruídos na relação entre a procuradoria-geral de Justiça e o Executivo.

Por outro lado, os auxiliares do governador que advogam pela não aceitação da recomendação ponderam os custos políticos não só da suspensão do campeonato, mas também do ponto do pedido do MP que trata da suspensão de missas e cultos religiosos.

A Federação Paulista de Futebol defende a continuidade do campeonato e, em nota oficial, apresentou uma lista de critérios científicos para defender os jogos. A entidade alega que segue todos os protocolos de segurança e não há a presença de público nos estádios. “A recomendação vai na contramão do combate à Covid-19 no mundo, como em países que realizaram rigorosos lockdowns em meio à segunda onda e mantiveram o futebol profissional em atividade. Nações como Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, mesmo com medidas extremamente restritivas à população, seguiram com suas ligas em atividade, sob o correto conceito técnico de que os jogos de futebol não são, sob nenhuma hipótese, locais que sugerem qualquer tipo de contaminação. E, além disso, o futebol é um importante entretenimento à população neste trágico momento que vivemos”, defende a FPF.

De acordo com o MP, a recomendação da paralisação dos eventos presenciais seria apenas enquanto São Paulo passa pela fase vermelha, na qual atividades não essenciais são impossibilitadas na cidade. Uma nova avaliação está marcada para o dia 19. Sarrubbo ressaltou que a suspensão dos eventos esportivos “torna-se imprescindível” considerando o recrudescimento da pandemia.

O procurador-geral de Justiça fez sua recomendação ao governador João Doria conforme o aviso 5/21 publicado no Diário Oficial de hoje (10). Ele diz que, “à luz dos princípios da prevenção e precaução em matéria de saúde pública, tome as devidas providências para suspensão da realização de cultos, missas e demais atividades religiosas de caráter coletivo e de eventos esportivos de qualquer espécie, inclusive partidas de futebol, durante a fase vermelha do Plano São Paulo”.

De acordo com Sarrubbo, se faz necessária a paralisação do futebol considerando o aumento do número diário de pessoas infectadas, de internações e de mortes no Estado de São Paulo. Já foram realizadas três rodadas do Paulistão e, a princípio, os jogos do fim de semana estão mantidos. Infectologistas também dizem que o risco é grande de contaminação entre jogadores e também seus familiares.

No Brasil, o futebol regional parou em Santa Catarina, Paraná e no Acre. E em alguns outros o Estadual está suspenso parcialmente, como no Ceará, que realiza partidas fora da capital Fortaleza. (Estadão Conteúdo)