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Paulinho, sorocabano e vencedor nos esportes down

26 de Janeiro de 2020 às 06:01

Maior emoção de Paulino foi levantar o troféu de campeão mundial de futsal down de 2019 como capitão da seleção brasileira. Crédito da foto: Arquivo Pessoal

 

“O esporte é importante para a saúde”. Assim, Paulo Roberto Campos do Amaral define a prática esportiva. Paulinho tem síndrome de Down e decidiu ser desportista justamente para melhorar a qualidade de vida. O primeiro contato foi com a natação, para auxiliar nas dificuldades respiratórias e motoras, situações inerentes à síndrome.

A partir do primeiro contato com a atividade física, o espírito competitivo de Paulinho ficou evidente. A estreia em competições aconteceu em Itanhaém, no litoral paulista, em 2002. Após o bom desempenho no evento surgiu o convite para defender a cidade de Marília, já que Sorocaba não possuía investimentos em atletas com deficiência.

“Dali, ele engrenou. Competindo por Marília, ele foi campeão brasileiro e estadual de natação nos 50 metros, 100 metros e 200 metros peito, por muitos anos. No futebol society foi campeão brasileiro”, explicou o irmão José Renato Campos do Amaral. Zé, como é chamado por Paulinho, é um dos responsáveis pelo atleta sorocabano seguir competindo.

Levar aos treinamentos, jogos, buscar patrocínios. Também é uma espécie de treinador na arquibancada: cobra, incentiva e dá dicas. E também é o conselheiro. Após defender Marília, Paulo passou pelo Ituano, conquistando o título de campeão brasileiro de futsal down. Por conta disso, recebeu convite para jogar no Corinthians. Aí, o coração são-paulino balançou.

“Ele é são-paulino fanático, a família inteira é, menos a minha mãe, que é palmeirense. Aí ele perguntou se ele podia jogar no Corinthians, mesmo sendo torcedor do São Paulo. Eu disse que não tinha nada a ver, que ele iria representar o Corinthians dentro da quadra. Assim, ele acabou aceitando o convite”, revelou Renato.

Conquistas e emoção

Com a camisa corintiana, Paulinho recebeu a convocação para defender a seleção brasileira de futsal down no Mundial, em 2019. Na competição, um dos principais momentos esportivos: vencer a Argentina, por 7 a 5, na final e levantar o título de campeão do mundo como capitão da equipe. E na emoção, deixou claro o que é o mais importante para a sua vida: a família.

“Quando o juiz apitou o final do jogo, todos os atletas correram para se abraçar, ele veio nos abraçar (José Renato e a mãe, Heloísa Aparecida), que estávamos do lado de fora da quadra”, falou o irmão. “Na minha vida o mais importante é minha família. Eles me ajudam, me acompanham onde quer que eu vá”, disse Paulinho.

E a família deixa claro como as conquistas são importantes. José Renato foi às lágrimas com a medalha do Mundial. “A primeira vez que ele assinou a súmula como capitão da seleção brasileira, o mesário chamou: Paulo Amaral, assinar a súmula. Eu pensei, o meu filho é o capitão. Aí veio a emoção”, confessou a mãe, Heloísa.

175 medalhas

Um dos principais jogadores de futsal down e nadador do Brasil -- são 175 medalhas conquistadas ao longo da carreira --, Paulinho é referência no esporte para pessoas com deficiência. Mas mesmo como um dos ícones do país, o atleta sorocabano tem o seu ídolo, que também tem uma forte ligação com Sorocaba.

“Meu ídolo é o Rodrigo, o jogador do Magnus”, revelou. O fixo da equipe sorocabana presentou Paulinho com a sua faixa de capitão. E deu sorte, foi com ela que o campeonato mundial de 2019 foi conquistado.

Falta patrocínio

Neste ano, o Brasil está classificado novamente para o torneio mundial, que será na Turquia. Sem patrocinador, no entanto, a seleção corre o risco de não poder participar. O custo para toda a delegação é estimado em R$ 256 mil.

Em busca de arrecadar fundos para não ficarem de fora da competição, foi lançada uma vaquinha online (http://vakinha.com.br/vaquinha/futsal-down-no-mundial).

Jogos Olímpicos

De qualquer maneira, Paulo representará o Brasil na Turquia em 2020. O sorocabano conquistou três índices na natação e, com a ajuda da família, irá competir no Trisome Games, os Jogos Olímpicos da Síndrome de Down.

Mesmo com as dificuldades para conseguir patrocinadores, Paulinho não pensa em parar. Aos 36 anos, o sorocabano está longe de imaginar quando será a sua aposentadoria. “Tá longe ainda, não sei. Eu vou parar com 80 anos”, brincou Paulinho. E que ele esteja certo e ainda continue por muito tempo sendo exemplo e orgulho para Sorocaba. (Zeca Cardoso)