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O primeiro tricampeão do Cruzeirão

31 de Março de 2019 às 12:30

O primeiro tricampeão do Cruzeirão O primeiro título do Cruzeirão veio com este time, em 1966. Crédito da foto: Reprodução

O dono da bola é figura bastante conhecida nas peladas do futebol. Afinal, o jogo só acontece quando ele chega -- e a partida só começa se ele jogar. Independente do talento, o dono da bola sempre tem que ser titular. Por uma história parecida com essa, um tradicional time de futsal surgiu em Sorocaba para fazer história na modalidade da cidade.

A bola que não foi emprestada pelos titulares do Americana aos jogadores do segundo quadro foi o motivo para a criação do AC Milan, nome inspirado no poderoso homônimo italiano. Em 1962, na Associação Cristã de Moços (ACM), com a anuência do secretário geral, o Sr. Romeu Pires Osório, sete atletas fundaram o clube que se tornaria o primeiro tricampeão do Torneio Aberto de Futsal Cruzeiro do Sul, o Cruzeirão.

Curiosamente, daqueles sete rapazes fundadores, vários ajudariam a escrever a história de Sorocaba mais tarde, ocupando diferentes cargos na administração pública. Eram eles Renato Amary, Lenner Marangoni, Darci Gonçalves Júnior, Ariston Gomes de Oliveira, Seiko Goya, Francisco Paschoal Rocha e Pedro Dal Pian Flores. O ex-prefeito Amary, em entrevista ao jornal Cruzeiro do Sul em 2009, lembrou com carinho dos tempos de Milan: “Foram os melhores momentos de minha vida”.

O primeiro tricampeão do Cruzeirão O bicampeonato veio em 1968, com goleada na final. Crédito da foto: Reprodução

O clube foi criado em uma manhã de domingo e já na segunda-feira os trabalhos para tirar o time do papel foram iniciados. O primeiro passo foi comprar um uniforme. Por meio de um livro de ouro e um bolo esportivo, as camisas e calções vermelhos foram adquiridos no Campeão Olímpico, a tradicional loja de itens esportivos à época em Sorocaba.

Jogadores e uniformes prontos, era a hora da estreia. E nada melhor do que estrear contra o time que, sem querer, incentivou a fundação do Milan, o Americana. Mas o primeiro jogo não saiu como o esperado: derrota por 6 a 3. Esta foi uma das poucas derrotas que sofreu a equipe que fez história no ainda chamado futebol de salão de Sorocaba.

Antes dos títulos do Cruzeirão, o Milan já havia conquistado campeonatos organizados pelo Departamento Regional de Educação Física e Esportes, vinculado ao Governo de São Paulo. Um time que conquistou torcedores ao longo de sua existência. Como lembra Antonio Fodrato, fã do Milan, em comentário enviado ao blog de memórias do clube, mantido pelo editor-responsável do Cruzeiro do Sul, Romeu-Sérgio Osório. “Eles eram demais! Mesmo depois que mudei de Sorocaba continuei acompanhando o futsal mas nunca vi, até hoje, nada igual”, afirmou Fodrato.

Primeiro título veio em ‘jogão’

O primeiro tricampeão do Cruzeirão Esta equipe consolidou a hegemonia no futsal sorocabano. Crédito da foto: Reprodução

O ano era 1966 e, no dia 16 de fevereiro, o Milan levantou a primeira de três taças. A vitória veio contra o San Remo B, por 2 a 1. Em entrevista ao Cruzeiro Do sul, Pedro Dal Pian, um dos fundadores e quem deu o nome ao time, lembra como foi a final: “Nós saímos na frente, mas o San Remo era uma equipe valente e empatou o jogo ainda no primeiro tempo. Quase no fim é que conseguimos o gol da vitória. Foi uma conquista realmente muito importante para todos nós”, concluiu.

Os gols do Milan foram marcados por Renato Amary, que abriu o placar, e Moinho, autor do tento do título. Os águias, símbolo da equipe, tiveram no time titular Lener, Renato e Ariston; Moinha e Julinho. Faziam parte do elenco Pedro Dal Pian, Darci, Pae e Pauleco. O técnico era José Luiz Toledo. No ano seguinte após o título, o Milan teve sua hegemonia interrompida pelo Grêmio Paula Souza, de Itu, mas a porta foi aberta para um bicampeonato na sequência.

Goleadas confirmaram hegemonia

Os anos de 1968 e 1969 foram hegemônicos para o Milan no futsal sorocabano. E o domínio não ficou apenas na conquista das taças e sim na superioridade demonstrada nos campeonatos, principalmente, nas finais do Cruzeirão. No ano de 68, a final foi disputada contra o São Bento e o placar, 9 a 2.

José Antônio Matiello, o Setinho, titular daquela final, contou ao blog Milan Sorocaba a história daquela partida. “Foi um jogo atípico. No primeiro tempo houve um equilíbrio enorme, mas vencíamos por 2 a 1, com o São Bento jogando muito. Tivemos muita sorte já que nosso goleiro, Oswaldinho, fez defesas milagrosas, sem contar a ajuda das traves. No segundo tempo, no entanto, nosso time foi impecável. Em sete ataques fizemos sete gols. Eu fiz quatro e acredito ter sido esse o melhor jogo de minha carreira”, detalhou o ex-secretário de Esportes de Sorocaba.

O primeiro tricampeão do Cruzeirão Luiz Carlos Góes, Setinho, Jorge Mauad (Miguela) e Milton Marcos Pacheco.

O caneco foi levantado pela segunda vez com seguintes os jogadores: Oswaldo, Ariston, Julinho, Setinho, Divino, Wilsinho, Miguela, Tito e Moinha. O técnico foi Paulo Bachir. A estrutura do clube já tinha evoluído e até contava com um massagista, o Sr. Líbano Xocair.

Com o segundo título, o Milan estava empatado com outra tradicional equipe do futsal de Sorocaba, a Associação Atlética Scarpa. Esta igualdade durou apenas um ano, porque em 1969 o Milan se transformou no primeiro tricampeão do Cruzeirão. Naquela edição, os águias inscreveram duas equipes. Milan “A” e Milan “B”. E essa quase foi a final. A equipe “B” foi derrotada na semifinal pela Associação Desportiva Votocel, mas na decisão, o time principal venceu a equipe de Votorantim.

O primeiro tricampeão do Cruzeirão Moacyr Pires de Mello Filho, Darcy Gonçalves Junior e Pedro Dalpian. Crédito da foto: Saga / Divulgação (14/5/2018)

O título veio em mais uma final com goleada: 6 a 1. A equipe esteve em quadra com os seguintes jogadores: Tuco, Ariston, Setinho, Moinha e Julinho. Ainda fizeram parte do plantel: Zé Pedro, Maciste, Divino, Lacerda, César, Ricardo e Joãozinho. O técnico foi Paulo Bachir e o massagista era Líbano Bachir.

Após o título de 69, a equipe do Milan começou a perder força, já que os seus jogadores começaram a dar prioridade às suas carreiras profissionais. Mas a lembrança permanece e a história nunca será esquecida -- tanto que até hoje os integrantes daquelas equipes se reúnem periodicamente. (Zeca Cardoso)

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