Número de mulheres é recorde na edição de 2019 do Rally Dakar
A principal representante das mulheres é a espanhola Laia Sanz. Crédito da foto: Cris Bouroncle/ AFP
O tradicional Rally Dakar começa nesta segunda-feira (7), em Lima, no Peru, com um feito histórico para celebrar os 40 anos da competição. A presença feminina chega à marca de 17 inscritas, o maior número desde que o evento deixou de ter o trajeto entre a Europa e África para ser disputado na América do Sul, há dez anos. Além da numerosa participação das mulheres, a maior competição off-road do mundo traz como diferenciais ser disputada pela primeira vez na história no mesmo país. Ao longo de dez dias os mais de 500 competidores vão percorrer mais de 5 mil quilômetros de obstáculos, principalmente dunas, entre cidades peruanas. A saída e a chegada serão na capital, Lima.
As mulheres têm como principal representante a espanhola Laia Sanz, das motos. Aos 33 anos, ela disputará pela nona vez o rali e tem como melhor resultado o nono lugar obtido em 2015. "Esta corrida também é para as mulheres disputarem", disse, em entrevista coletiva. Por pouco, ela não conseguiu disputar o rali, pois nos últimos meses esteve hospitalizada para se curar de uma infecção bacteriana. "As mulheres estão fazendo um bom trabalho há anos. É muito bom ter mulheres e meninas que vejam o rali pela televisão, assim como eu fazia desde pequena", afirmou.
A checa Gabriela Novotna vai competir nas motos depois de desafiar a contrariedade da família ao vê-la iniciar em provas de rali. "Todos os familiares tiveram uma reação interessante. Minha avó reclamou: ‘Você passou por três faculdades para ficar andando de moto no meio do perigo?’", contou.
As 17 competidoras estão distribuídas nas cinco categorias e sonham em repetir o feito da alemã Jutta Kleinschmidt. Em 2001, a piloto ganhou a competição entre os carros e é a única mulher da história a ter vencido o Rally Dakar.
Embora nenhuma brasileira esteja na lista das competidoras, o país também está representado. A empresária Nany Varela, de 57 anos, será chefe de uma equipe. Sob o comando dela estarão o filho mais novo, Bruno, de 22 anos, e o marido Reinaldo, de 59. Os dois vão competir na categoria UTV, de veículos utilitários, na qual Reinaldo foi campeão em 2018.
Como chefe, Nany viajará junto com os dois e dará apoio logístico, cuidará da alimentação e auxiliará em reparos com as vestimentas. "A grande participação das mulheres me deixa orgulhosa. Elas se mostram competentes e corajosas para encarar esse desafio. Fazer rali é como desafiar uma selva", explicou a brasileira. Nany esteve presente em outras edições do Dakar e frequenta provas de rali há mais de 30 anos. Inclusive, foi em um evento do tipo em que conheceu o marido, em 1985, no Rio Grande do Sul. "É ótimo ela estar junto conosco, como suporte nosso, com os cuidados de mãe e de mulher. A Nany passa tranquilidade para todo mundo", afirmou Reinaldo.
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Brasileiros
O País terá 11 representantes no Rally Dakar. Serão nove entre os UTVs e dois entre as motos. O atual campeão Reinaldo Varela, o marido de Nany, disputará pela oitava vez a competição e aponta os sul-americanos como os principais obstáculos para o bicampeonato. "Estamos no mesmo nível dos competidores regionais. Eles são os grandes favoritos, porque nasceram e viveram nas dunas, que são a parte mais difícil. Elas são uma surpresa o tempo inteiro, porque cada uma é muito diferente da outra", afirmou.
Nas motos, a participação de destaque é de Lincoln Berrocal. Aos 60 anos, ele disputará o primeiro Dakar para realizar um sonho. "Sinto que a hora de parar está chegando e quero cumprir esse sonho de competir. Só penso em terminar todos os dias de competição e já me sentirei um vencedor", disse. (Ciro Campos - Estadão Conteúdo)
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