Ensinamentos
Atleta da NBA dá aulas de basquete para crianças em clube de Sorocaba
Rafael Baby defendeu times como o Toronto Raptors, Utah Jazz e Spartak, da Rússia
Do alto dos seus dois metros e doze, Rafael Araújo, o Baby, já foi gigante nas quadras internacionais. Revelado pelo Corinthians, fez carreira no basquete universitário americano, ganhou o mundo com a camisa do Toronto Raptors, mas escolheu fincar raízes no Brasil. Hoje, suas maiores vitórias acontecem fora das quadras e dos holofotes: no silêncio atento de uma criança que aprende a driblar não só a bola, mas também os desafios da vida.
Em 2004, o atleta foi escolhido pelo Toronto Raptors como a 8ª escolha, se tornando o número dois entre os brasileiros draftados mais rapidamente, perdendo apenas para Nenê, que foi a sétima escolha em 2002. Depois, passou pelo Utah Jazz e se transferiu para o Spartak da Rússia. Em 2008, voltou para o Brasil para defender as cores do Flamengo. Encerrou a carreira em 2014, no Pinheiros, após passar por Paulistano, Franca e Mogi.
De olho no futuro
Depois de encerrar a carreira, Baby passou a se dedicar ao ensino do esporte. Mas, mais do que isso, sua preocupação atravessa as quatro linhas da quadra e se estende para a formação de seus alunos como cidadãos de bem. Sua primeira experiência foi a NBA School, escola de basquete que atendia 250 crianças no Paraná, mas que, com a pandemia de Covid-19, fechou. Depois, veio a parceria com o Clube de Campo de Sorocaba, com a aula inaugural sendo realizada em fevereiro de 2024, com a presença de 50 crianças. Atualmente, são 110 crianças no projeto.
Rafael oferece aulas desde o “Baby Kids”, para crianças de 4 anos, até adolescentes de 17 anos. Os treinamentos são direcionados para a técnica e fundamentos do esporte. Porém, sem esquecer que os alunos são crianças e precisam de doses de recreação. É nesse equilíbrio que mora o sucesso do projeto.
Segundo o treinador, a intenção, mais do que formar bons atletas, é a de passar ideais humanos aos meninos e meninas, que são ensinados a respeitar, incluir e utilizar o esporte em outras áreas da vida. “Uma criança que acerta um lance livre decisivo não vai ficar nervoso em uma apresentação de TCC [trabalho de conclusão de curso], por exemplo”, completa.
Sarah Mendonça, esposa de Rafael Baby, também é ativa no projeto, auxiliando o marido, especialmente no contato com as famílias, de forma a garantir que os alunos tenham suas particularidades respeitadas. Apesar do relativo pouco tempo, o projeto já vem dando frutos, inclusive com atletas indo para a base de grandes clubes. Pedro Araújo, por exemplo, foi levado por Baby para o sub-14 do Corinthians.
O projeto “Rafael Baby Academy” funciona em parceria com o Clube de Campo de Sorocaba. Por enquanto, as vagas são exclusivas para sócios do clube. No entanto, segundo o próprio idealizador, há planos para que, em setembro, o projeto se expanda para fora dos muros e acolha mais crianças em Sorocaba e região.
Gritos que motivam
Quem se aproxima distraidamente do treino oferecido por Rafael Baby pode se surpreender. O treinador não tem medo de corrigir um erro ou uma jogada. Trata seus alunos com carinho, mas também com o rigor que o esporte pede.
Entre os alunos estão, inclusive, algumas pessoas com autismo. Um deles, Angelo Vincenzo. Sua mãe, Liliane Morelli, afirmou que o garoto encontrou sua regulação a partir do esporte, que o acolhimento, por parte de Baby e Sarah, foi só o começo. Rapidamente, todos os alunos o incluíram. Liliane, entre muitos elogios ao treinador, afirmou: “O grito do Baby funciona para o meu filho!”
E essa parece ser a realidade para todos os alunos, que, entre nomes, apelidos e jogadas, convivem com um treinador que ensina muito mais do que os fundamentos do esporte: ensina lições que levarão para a vida, independente da carreira que escolham.
O que é o draft?
O draft é um evento em que os times da liga americana de basquete selecionam, por ordem pré-definida, novos jogadores, geralmente vindos do basquete universitário ou internacional, para integrar as equipes. Essa ordem costuma ser determinada com base no desempenho da temporada anterior, beneficiando as equipes com pior campanha, em um esforço para equilibrar o nível técnico da liga. (Vernihu Oswaldo)
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