Expectativa
Abelha vê Ancelotti com a missão de reverter a fase ruim da seleção
A seleção brasileira tem um novo técnico: Carlo Ancelotti. O italiano de 65 anos foi anunciado, ontem (12), pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Depois de tantos fracassos e vergonhas dentro de campo, a esperança de muitos brasileiros, entre eles o do ex-goleiro e treinador Abelha, que mora em Sorocaba, é que o multicampeão, que acaba de deixar o Real Madrid, possa reverter a situação atual da seleção canarinho e, assim, trazer de volta, principalmente, a credibilidade do futebol brasileiro.
“Um treinador muito vitorioso, com uma bagagem enorme e certamente pode ajudar o Brasil, porque realmente estamos vivendo uma situação muito difícil, até delicada nas Eliminatórias, coisa que não víamos há décadas”, comenta o ex-jogador. “Vemos muitos jogadores atuando na Europa, mas quando são chamados para defender a seleção simplesmente não conseguem render aquilo que rendem nos clubes, o que é inexplicável. Então, ele [Ancelotti] deve mexer nisso.”
A chegada de um treinador estrangeiro era bem quista, sobretudo após 60 anos. Apenas outros três chegaram a comandar a amarelinha: um uruguaio, um português e um argentino. “Eu achei que seria o português José Mourinho ou o espanhol Pep Guardiola, mas o Ancelotti não deixa de ser uma boa opção”, opina o ex-goleiro que passou pelo São Bento, Ferroviária, São Paulo, Flamengo, ABC-RN e seleção de novos.
O profissional também acredita que a primeira convocação do novo treinador da seleção deve repetir as passadas, com vários jogadores que atuam em outros países, até pela falta de conhecimento atual sobre o plantel brasileiro.
Carlo Ancelotti era o sonho do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. As investidas pelo treinador italiano começaram ainda em 2023. Em julho daquele ano, a CBF anunciou Fernando Diniz, então técnico do Fluminense, como interino até a chegada do italiano. Contudo, a contratação não se confirmou e a entidade foi atrás de Dorival, que ficou 14 meses no cargo e foi demitido após a goleada por 4 a 1 sofrida para a Argentina.
As conversas por Ancelotti foram retomadas em abril e demandou intensa negociação por parte da CBF. A entidade chegou a receber duas negativas e viu o Real Madrid dificultar negócio. Com a temporada europeia chegando ao fim, as tratativas evoluíram para um final feliz. A tendência é que o espanhol Xabi Alonso assuma a equipe madrilenha. (Thaís Marcolino, com informações do Estadão Conteúdo)
Seleção volta a ter técnico
estrangeiro após 60 anos
Anunciado como treinador da seleção brasileira, o italiano Carlo Ancelotti entra para uma lista bem curta de estrangeiros que dirigiram o futebol masculino do Brasil. Antes dele, o uruguaio Ramón Platero, o português Joreca e o argentino Filpo Núñez foram os nomes de fora do País que estiveram no cargo.
O último deles foi Núñez, há 60 anos, em 1965, inserido em um contexto muito específico. Na época, ele era treinador do Palmeiras que, devido à força de seu elenco, foi escolhido para representar a seleção brasileira em duelo com o Uruguai, no jogo de inauguração do Mineirão.
Ou seja, o argentino comandou seus atletas palmeirenses vestidos com a camisa do Brasil. Ao fim da partida, vitória brasileira por 3 a 0, com gols de Rinaldo, Tupãzinho e Germano. Em 1969, Núñez se naturalizou brasileiro.
Também dirigiu a seleção o português Jorge Gomes de Lima, Joreca, em 1944, porém dividia a função com o brasileiro Flávio Costa, conhecido principalmente por seu trabalho no futebol carioca. A parceria durou apenas dois jogos contra o Uruguai, ambos vencidos pelo Brasil — por 6 a 1 e 4 a 0. Em 1945, Costa passou a comandar a equipe sozinho.
Já o primeiro estrangeiro de todos foi o uruguaio Ramón Platero, que também já treinou a seleção do próprio país. Ele fez sucesso treinando o Vasco. Por isso, treinou a seleção no Sul-Americano de 1925. O torneio foi disputado em turno e returno, com a participação de Brasil, Argentina e Paraguai. Os brasileiros venceram os dois jogos contra os uruguaios, mas perderam por 4 a 1 e empataram por 2 a 2 nos duelos com os argentinos, que acabaram o campeonato como campeões. (Estadão Conteúdo)