No CIC
Alimentando os torcedores e os sonhos

Não importa se é antes, no intervalo ou no final do jogo, os ambulantes que vendem comida estão sempre a postos para atender os torcedores que frequentam o estádio municipal Walter Ribeiro, em Sorocaba, tanto para os jogos do São Bento quanto os da várzea. O trabalho, para muitos chamado como um “extra”, também proporciona a realização de sonhos. A casa própria de Sivaldo Conceição da Silva, por exemplo, tornou-se realidade após os mais de 20 anos de vendas nas arquibancadas superiores e inferiores do CIC.
“Foi um tempão juntando o dinheiro daqui (do CIC) e, em 2021, finalmente terminei de pagar a minha casa. Foi uma sensação maravilhosa, porque era um sonho que a família tinha”, conta o pintor de 50 anos, que trabalha no estádio há 24 anos.
Dentro do CIC, atualmente, os torcedores encontram pipoca, refrigerante, chope sem álcool, pastel, batata chips, amendoim, sorvete e salgadinhos. Todos eles já passaram pelas mãos de Sivaldo, que garante: “A pipoca vende mais, o pessoal ama. É uma coisa que faz sucesso em jogos de futebol”.
Apesar de estar há um tempão no CIC, o pintor já desempenhava a função no MorumBis, em São Paulo. “Recebi um convite, vim ver um jogo, gostei do estádio, dos times e fiquei na cidade. Me senti, e continuo me sentindo acolhido, tanto pelo Fábio (gestor do bar do CIC) quanto pelos torcedores. E aproveito para ver todos os jogos”, comentou.
Sivaldo não é o único que tem muita experiência nas vendas. Benedito da Rosa, de 68 anos, passou quase metade da vida no estádio. Desde 1992 o hoje aposentado vende sorvete e é conhecido pela torcida. Sempre tem alguém na arquibancada que o cumprimenta. “Na época era só um bico, depois foi virando sério e não parei. Único dia que não venho é no sábado, pois sou adventista”, explica.
O aposentado considera o serviço como uma terapia, ajudando na mente e até no físico. “Me ajuda a conservar o físico, porque ando bastante, mexo os braços. Aqui é quase minha academia, né?”, ri ele. “Faço com amor, alegria, aqui sou muito feliz”, acrescenta.
Eles não são os únicos na função. São, ao menos, 10 pessoas que se dividem nas diversas funções que envolvem o trabalho de alimentos e bebidas do estádio municipal.
Microempreendedores agradecem
Seja salgada ou doce, é do carrinho do Ricardo Silva Santos, de 48 anos, que sai a pipoca que faz sucesso dentro do estádio. A cada jogo são, em média, 150 cones. “Aqui eu fico de um lado, meu filho do outro, e o público é muito bom. Estou aqui há dois anos e não penso em parar, não. O dinheiro agrega e, aos poucos, a gente vai realizando alguns sonhos sim”, comenta o microempreendedor.
Fora do estádio, quem chega para acompanhar as partidas de futebol no CIC se depara com a alegria da Cristiane Silva Ferreira e seu tio Nicodemos. A dupla vende churrasquinho e bebidas, respectivamente.
O primeiro que resolveu investir no ramo foi o tio há seis anos. Cris, como gosta de ser chamada, viu o desempenho do familiar e pensou em ir também. Há dois anos, prepara os espetinhos de carne e linguiça no tempo livre do trabalho “oficial” de vendedora de brinquedos eletrônicos e, apesar da correria, não se arrepende.
“Resolvi vir para complementar a renda e está muito bom, não quero parar tão já, não. Venho em todos os eventos no CIC e vendo uma quantidade boa, cerca de 150, 200 por dia”, conta.
O dinheiro que entra para a microempreendedora já ajudou a pagar o conserto do carro. “Veio numa boa hora, porque deu ruim no carro e logo consegui arrumar. E outras coisas que também tenho em mente para conquistar, mas por enquanto estou juntando”, diz. “Pra mim, quanto mais tem jogos aqui, melhor é”, complementa.
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