Buscar no Cruzeiro

Buscar

Em discussão

Grama sintética está na pauta dos clubes

O debate reuniu, além da própria confederação, os clubes da Série A e a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol

06 de Março de 2024 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
A Arena da Baixada, casa do Athletico-PR, tem gramado sintético
A Arena da Baixada, casa do Athletico-PR, tem gramado sintético (Crédito: DIVULGAÇÃO / ATHLETICO-PR)

A CBF anunciou, na terça-feira (5), as mudanças para o Campeonato Brasileiro de 2024, que começa em abril. A reunião que bateu o martelo nas novidades também discutiu um velho tema: os gramados sintéticos. O debate reuniu, além da própria confederação, os clubes da Série A e a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf).

Apenas Athletico-PR, Botafogo e Palmeiras mandam seus jogos em estádio com grama sintética. O clube paulista, contudo, tem jogado na Arena Barueri, de grama natural, até que os problemas do Allianz Parque sejam resolvidos.

O Atlético-MG tem planos de instalar grama sintética na Arena MRV, inaugurada ano passado e já com críticas ao campo. Há uma mobilização de outros clubes para um veto aos “tapetes”. Um comitê vai passar a debater a questão, prevendo uma possível proibição, mas não há chances de isso acontecer ainda em 2024.

Entre os clubes, é possível perceber defensores mais intensos em cada um dos lados. Leila Pereira, presidente do Palmeiras, defende a manutenção dos gramados sintéticos. Até mesmo um desempenho baixo em gramados sintéticos diante de adversários como São Paulo, Flamengo e Fluminense é citado como argumento.

Do outro lado, um exemplo é Mario Bittencourt, presidente do Fluminense, que é crítico a esse tipo de piso. Apontam-se prejuízos na performance esportiva e aumento de lesões. A CBF não considera as análises feitas até então como conclusivas e quer chegar a uma avaliação própria a partir de uma consultoria estrangeira e de uma Comissão de Médicos. O debate será levado também a representante dos clubes das Séries B, C e D.

Sergio Schildt, presidente da Recoma, empresa especializada em infraestrutura esportiva e que já instalou mais um milhão de metros quadrados de gramados sintéticos esportivos, aponta a análise financeira que também deve ser feita por trás dessas decisões.

“Não há mais dinheiro público para financiar estádios de futebol e a conta precisa fechar para os clubes. Manter um gramado natural de boa qualidade custa caro e quase inviabiliza o multiuso do estádio”, pontua.

Rivalidade

O assunto é mais um elemento na rivalidade entre Palmeiras e São Paulo. Os clubes estão com relações acirradas desde o último clássico, empatado por 1 a 1, no MorumBis, no dia 3. Nos últimos anos, a equipe tricolor relata lesões importantes na casa do adversário.

Um grupo formado pelo São Paulo, como representante da Libra, e outros quatro clubes da Liga Forte Futebol (LFF) posiciona-se contra o gramado artificial. O contra-argumento palmeirense é a falta de discussão sobre a qualidade mínima dos gramados naturais. Em 2023, Maracanã, Mineirão e Mané Garrincha foram alguns dos estádios criticados pela grama. Os três sediaram jogos da Copa do Mundo, há 10 anos. A CBF ainda não se posiciona, mas deixa claro que o veto só seria possível a partir do próximo ano.

Qual o impacto?

Conforme levantamento feito em novembro de 2023, considerando os resultados de cada uma das equipes na última e primeira temporada após a implementação do gramado sintético, Athletico-PR e Botafogo tiveram melhora de desempenho.

Na contramão, o Palmeiras foi o único dos três clubes que observou uma queda em seu aproveitamento após a instalação do gramado sintético. Em 2019, conquistou 78% dos pontos; na temporada seguinte, a primeira com o novo tipo de grama, 70,4%. (Estadão Conteúdo)