Futebol Feminino
O novo capítulo de Lauren Leal
Depois da Copa, zagueira passa dias com a família em Votorantim antes de se apresentar ao novo clube
A jogadora Lauren Leal, que disputou a Copa do Mundo Feminina de 2023 como zagueira na seleção brasileira, partirá para os Estados Unidos (EUA) para ingressar em um novo clube, o Kansas City Current (KC) -- bicampeão do National Women’s Soccer League (NWSL), o campeonato de futebol feminino do país. A jovem atleta, de 20 anos, cuja família reside em Votorantim, já havia fechado contrato com o KC antes de ir para Austrália disputar a Copa. De volta ao Brasil, após a seleção ser desclassificada na fase de grupos por um empate de 0 a 0 contra a Jamaica, Lauren passa os dias com a família na cidade natal, enquanto planeja a viagem aos EUA que deve acontecer até sexta-feira (25).
“Vai ser um desafio muito grande, uma nova liga, um novo idioma, uma nova cultura e estilo de jogo, mas espero que eu possa evoluir muito nos EUA”, disse em entrevista ao jornal Cruzeiro do Sul. O clube ao qual Lauren ingressou é o mesmo em que Debinha, atacante titular da Seleção, joga desde janeiro deste ano. “Ajuda muito (a presença da atacante). Debinha é uma grande jogadora, uma referencia para o futebol, e ter uma brasileira no time com certeza ajuda bastante”, contou.
O resultado que a seleção apresentou na Copa foi lamentado por Lauren. Apesar disso, ela se sente feliz por ter jogado em uma copa do mundo: “Fiquei muito triste com o resultado, foi muito frustrante, eu acreditava muito que a gente podia conseguir o titulo. Porém, também fiquei feliz por ter tido a oportunidade de jogar em uma copa do mundo e representar a seleção. E claro que, além disso, temos sempre pontos a melhorar”.
Embora não tenha sido dessa vez que as brasileiras faturaram o título mundial, Lauren tem esperança que, com o investimento ideal, a vitória virá. “Essa Copa mostrou o quanto é interessante o futebol feminino e o quanto as pessoas gostam, pois os estádios estavam lotados. Basta o envolvimento do público, os patrocinadores, para ver que investir gera resultado: com investimento, as coisas podem mudar e as coisas acontecem. Como no Brasil, por exemplo, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) investiu muito bem. Não teve resultado dessa vez, mas ele virá com o tempo”, afirmou.
E por mais que a viagem de Lauren signifique crescimento em sua carreira profissional, é impossível ela não se emocionar ao se despedir da família. “Sempre sinto saudade de casa, do Brasil, da cultura brasileira, dos amigos, de tudo. As despedidas sempre doem, apesar de acontecerem com frequência. É com o coração apertado que eu deixo a família e o Brasil”, revelou.
Sonho que se sonha junto
A defensora vem de uma família que sempre apoiou seu sonho de jogar futebol profissionalmente. Seu pai, Erymar Alexandre Costa, a levou e acompanhou-a em todos os treinos desde quando Lauren tinha 13 anos e integrava a Associação Desportiva Centro Olímpico, em São Paulo. Quando Lauren foi convocada para representar o Brasil na Copa, Erymar chegou a vender um carro seu para comprar as passagens de avião e conseguir assistir a filha jogar na Austrália. “Saiu a convocação e já fizemos a compra das passagens, antes de o carro ser vendido ainda. Só depois que aí conseguimos vender e ajudou a complementar. Na hora pensei ‘eu faço o que for possível para ver minha filha’”, explicou.
Um site de notícias brasileiro publicou uma matéria sobre a jornada do pai da zagueira pela Austrália e disse que Erymar vendera seu único carro para ver a filha. O que não é verdade, segundo ele. O que Erymar vendeu foi seu Fiat 147, um carro clássico que guardava na garagem. Mesmo assim, a história viralizou nas redes sociais a ponto de a Volkswagen, fabricante de veículos, comentar na plataforma X (antigo Twitter) que iria presenteá-lo com um novo automóvel.
Depois que a assessoria jurídica de Lauren entrou em contato com a fábrica para esclarecer a história, a Volks respondeu que o importante, mesmo, foi a atitude e o carinho do pai de acompanhar a filha pelo mundo -- e que, até o mês de setembro, será feita uma ação de mídia com Erymar e Lauren para a entrega do carro zero quilômetro. “A Copa foi um evento único que todo atleta sonha. E a Lauren conseguiu chegar lá. O orgulho de estar ali representando a minha família e ver minha filha jogar é impagável. Eu me senti o pai mais honrado do mundo”, disse Erymar. (Luís Felipe Pio - programa de estágio)