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Timão troca Fernando Lázaro por Cuca

20 de Abril de 2023 às 23:01
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Cuca, agora, tem os quatro grandes de SP no currículo
Cuca, agora, tem os quatro grandes de SP no currículo (Crédito: IVAN STORTI / SANTOS FC (19/10/2020))

Chegou ao fim antes do previsto pela diretoria a passagem de Fernando Lázaro no comando do Corinthians. Mesmo acostumado a segurar seus comandantes ao máximo, os dirigentes se renderam à pressão da torcida, dispensando ontem (20) o treinador, um dia depois da derrota para o Argentinos Juniors, em casa, por 1 a 0, pela Copa Libertadores. Ele retornará à função de auxiliar da comissão permanente. Cuca, de 59 anos, que já dirigiu mais de uma vez Palmeiras, São Paulo e Santos, chegou para o seu lugar. O contrato é válido até 31 de dezembro deste ano.

Lázaro era visto com bons olhos pelos dirigentes pelo trabalho exercido no clube. Foi trazido, inclusive, da seleção brasileira que se preparava para a Copa do Mundo no Catar, no ano passado. Então analista de desempenho e expert em analisar adversários, ele teve sua primeira chance como efetivo sob garantia que poderia fazer o atual elenco render bem mais que sob a direção de Vítor Pereira. O português jamais conseguiu emplacar bons resultados e um rendimento que agradasse. Fora de casa, o time era alvo fácil.

O novo treinador tinha a seu favor a invencibilidade das passagens anteriores, quando de maneira interina dirigiu o Corinthians por duas vezes e somou seis vitórias e um empate. A largada, porém, já veio com desconfiança: derrota por 1 a 0 para o Red Bull Bragantino com o adversário soberano durante os 90 minutos. O filho do ex-lateral Zé Maria rapidamente deu a volta por cima e até fez a torcida sonhar com ressurgimento do Corinthians forte. O time ganhou do São Paulo, jogou bem contra o Palmeiras e avançou sem sustos no Paulistão. A queda nas quartas de final, diante do Ituano, na Neo Química Arena, contudo, foi a primeira decepção.

A torcida começou a mostrar descontentamento, sobretudo com a queda de rendimento no campo. A equipe já não conseguia mais se impor. Mesmo largando com 3 a 0 na Copa Libertadores, o futebol não convenceu. E veio novo golpe: abrir a Copa do Brasil sofrendo 2 a 0 do Remo, um time da Série C.

A perda de Renato Augusto, machucado, contribuiu muito para Fernando Lázaro perder a mão no time. Sem seu maestro, não soube o que fazer. Testou Paulinho e Maycon na posição, sem sucesso, utilizou Barletta contra o Cruzeiro e apelou ao jovem Matheus Araújo diante do Argentinos Juniors. A declaração de Róger Guedes após a última partida retrata bem o que se tornou o Corinthians de Fernando Lázaro: “Perdemos a essência”.

Novo comandante

Junto a Cuca, chegam Cuquinha, seu auxiliar técnico, e Daniel dos Santos Cerqueira, analista de desempenho, que se juntarão à comissão técnica permanente do clube. Cuca se tornará o oitavo técnico da história a treinar os quatro grandes de São Paulo. Vai se juntar a Aymoré Moreira, Carlos Alberto Silva, Émerson Leão, Nelsinho Baptista, Osvaldo Brandão, Oswaldo de Oliveira e Rubens Minelli.

Com um currículo de quase 25 anos como técnico, Cuca tem em sua galeria de conquistas uma Libertadores e uma Copa do Brasil pelo Atlético-MG, clube em que registrou sua passagem mais vitoriosa, e o Brasileirão, que conquistou pelo Palmeiras.

As críticas mais recentes direcionadas ao técnico dizem respeito à sua disposição em interromper seus trabalhos, como fez no Palmeiras, Santos e Atlético-MG. Posteriormente, ele retornou aos três e, em todas as ocasiões, as suas equipes não renderam como antes e ele acabou demitido.

Cuca também é conhecido por suas superstições e seu lado folclórico. Nos tempos de Palmeiras, não tirava a calça vinho, uma espécie de talismã, por entender que dava sorte e chegou a proibir os ônibus de seus times de entrar de ré no estádio em dia de jogo porque considerava dar azar. Católico fervoroso, usava com frequência uma camisa alusiva à Nossa Senhora e sempre carregava consigo um terço.

Mas a sua contratação pelo Corinthians foi questionada por parte da torcida, por conta de uma controvérsia dos tempos de jogador. Em 1987, em Berna, na Suíça, o então meio-campista do Grêmio foi detido com os também atletas Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi, sob a acusação de manter relação sexual com uma menina menor de idade, de 14 anos.

Os jogadores permaneceram em cárcere por 30 dias. Fernando foi o primeiro a ser liberado, já que a sua participação no ato não foi comprovada. Dois anos mais tarde, Cuca acabou condenado a 15 meses de prisão e ao pagamento de US$ 8 mil. Em matéria publicada à época pelo Estadão, o atual treinador disse que o episódio o fez adquirir “experiência e maturidade”. Ele nega qualquer participação. (Da Redação, com Estadão Conteúdo)