O foco no trabalho social de inclusão de jovens no esporte é uma das forças que move o Desportivo Sorocaba, clube de base que representa a cidade em competições de futebol masculino e feminino e no futsal feminino. A parceria com o Sorocaba Soccer, mantido pelos ex-jogadores André Pinto, Fabinho e Geraldo Meira, conseguiu a classificação no futebol masculino para os Jogos Abertos do Interior, faturando o título dos Jogos Regionais.

São 222 atletas. No caso do futebol, os jovens treinam no campo do Estrada, em Santa Rosália, além do Centro Esportivo da Vila Gabriel -- Jornalista Armando Bacelli, na zona norte da cidade, e do Ginásio de Esportes Professor Edson Antão de Souza, no Cajuru. O Estrada também funciona como alojamento para os garotos que vêm de outras cidades. Mas a diretora Claudia de Luca reforça que é com poucos recursos que o projeto resiste, apesar da subvenção da Prefeitura. Isso faz com que, por exemplo, os atletas residentes em Sorocaba precisem conciliar os treinos com o trabalho. Como o jovem Vitale, de 19 anos: arrimo de sua família, ele descalça as chuteiras às 11h e vai direto para o seu emprego.

Com os bons resultados, o clube tem recebido contatos de outras cidades. Claudia conta sobre uma ligação que recebeu de uma assistente social de Iaras, sobre a realização de teste com um interno de um centro de reabilitação que completaria 18 anos em dezembro e tinha sido destaque nas competições de futebol realizadas entre as unidades. “Lógico que eu não ia falar não! O menino chegou aqui no carro da prefeitura com roupas de detento. Eu morri de pena. Ele entrou aqui e eu já o levei, colocamos o uniforme e eu disse que ele não ia ficar vestido daquele jeito”, conta Claudia. “O menino é excelente. Sem treinar, sem nada, foi muito bem. (Sua situação) partiu o nosso coração, eu fiquei emocionada de vê-lo aqui. Ele voltará agora, em setembro, para treinar mais um dia. Então vamos avaliar ele, pois sairá da detenção em dezembro.”

Experiência

Ex-lateral e técnico interino do São Bento em duas oportunidades, Marcelo Cordeiro hoje dedica grande parte de sua vida no propósito de transformar jovens talentos em atletas. Orgulhoso, ele fala dos frutos que o projeto já vem colhendo. “Ver o brilho nos olhos desses meninos não tem preço. Tem atletas daqui que já estão em outras equipes, como na Chapecoense. No último jogo, três meninos receberam propostas de times de fora também. Essa é a oportunidade que temos de ajudar esses meninos humildes, que ficam longe de suas famílias, em busca de um sonho. Tentamos passar para eles que nem todos irão se tornar jogadores profissionais, mas eles precisam fazer de tudo para que isso se concretize aqui, no dia a dia”, conta. (Cezar Ribeiro - programa de estágio / Supervisão: Eric Mantuan)