Ronaldo Nazário agora é “dono” do Cruzeiro -- clube onde se profissionalizou com 16 anos, se destacou e foi convocado para a Copa do Mundo de 1994 por Carlos Alberto Parreira, antes de ser negociado com o PSV Eindhoven, da Holanda. Ele anunciou ontem (18) a compra de 90% das ações do clube mineiro, no dia seguinte à aprovação pelos conselheiros da criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O investimento do craque será de R$ 400 milhões, de acordo com a XP Investimentos, que liderou a negociação.

O anúncio foi realizado em uma transmissão ao vivo ao lado do presidente cruzeirense Sérgio Santos Rodrigues. Um pouco antes, o diretor da XP Investimentos, Pedro Mesquita, que conduziu a operação, já havia adiantado a informação.

Detalhes da negociação foram acertados pela manhã, em São Paulo, onde Ronaldo, Rodrigues e Mesquita se encontraram. Na noite da véspera (17) foi realizada uma assembleia que aprovou uma alteração no estatuto do Cruzeiro. Com isso, ficou permitida a venda de 90% das ações da Sociedade Anônima de Futebol (SAF), registro feito pela diretoria há duas semanas para formalizar seu projeto de clube-empresa.

“Tenho muito a retribuir ao Cruzeiro, levar o Cruzeiro onde ele merece estar. Temos muito trabalho pela frente. Peço ao torcedor que se conecte outra vez ao clube, vá ao estádio, porque vamos precisar de muita força e união. Temos muito trabalho e ambição para fazer o Cruzeiro novamente grande. Não temos nada que comemorar ainda, mas temos muita ambição”, comentou o ex-jogador de 45 anos.

Desafio

O Cruzeiro está há três anos na Série B do Campeonato Brasileiro e tem uma das dívidas mais altas do futebol brasileiro. “Considerando que a dívida do Cruzeiro é de quase R$ 900 milhões e o clube vive uma situação financeira catastrófica, R$ 400 milhões de investimento não é pouca coisa. O clube terá condições de sair do atoleiro e passa a figurar imediatamente como um dos favoritos a subir para Série A no ano que vem”, afirma Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo e que participou no Congresso da elaboração deste modelo da SAF -- a lei dá ao clube prazo de seis anos para pagar 60% da dívida.

Na assembleia da véspera, 96,7% dos conselheiros presentes aprovaram uma alteração no estatuto do Cruzeiro que permitiu a venda de até 90% das ações da Sociedade Anônima de Futebol (SAF), registro feito pela diretoria há duas semanas para formalizar seu projeto de clube-empresa. (Da Redação, com Estadão Conteúdo)