Buscar no Cruzeiro

Buscar

Futebol

Palmeiras é tricampeão da Copa Libertadores da América

O primeiro gol palmeirense foi marcado pelo meia Raphael Veiga aos quatro minutos da etapa inicial

27 de Novembro de 2021 às 20:56
Cruzeiro do Sul [email protected]
Campeão em 1999, 2020 e agora em 2021, o Palmeiras se junta a Grêmio, São Paulo e Santos
Campeão em 1999, 2020 e agora em 2021, o Palmeiras se junta a Grêmio, São Paulo e Santos (Crédito: Cesar Greco / Palmeiras)

O Palmeiras é tricampeão continental. Em uma decisão com todos os ingredientes de um grande jogo no mítico estádio Centenário, em Montevidéu, o time alviverde derrotou o Flamengo por 2 a 1, com gol de Deyverson na prorrogação, e levou a taça da Libertadores pela terceira vez na história.

A equipe de Abel Ferreira foi melhor no primeiro tempo e encontrou seu gol cedo, aos cinco minutos, com Raphael Veiga. A equipe rubro-negra cresceu na etapa final e marcou com Gabriel após tabela com Arrascaeta. Na prorrogação, brilhou a estrela de um herói improvável, Deyverson, que entrou na vaga do lesionado Veiga para anotar o gol do título e fazer história.

Campeão em 1999, 2020 e agora em 2021, o Palmeiras se junta a Grêmio, São Paulo e Santos na lista dos brasileiros que mais venceram o torneio continental. Além disso, quebrou um tabu de quatro anos sem vencer o rival carioca. Abel Ferreira, com a sua terceira taça, a segunda da maior competição da América do Sul, entra para o rol dos grandes técnicos da Libertadores.

O duelo que reuniu os últimos campeões continentais foi à altura da importância das duas equipes e do tamanho das torcidas. Os rubro-negros foram maioria no Centenário e também ocuparam quase toda a parte central além de seu setor (tribuna Colombes). Mas os palmeirenses cantaram alto e foram combustível importante para a equipe, que dominou os primeiros minutos.

Sem Felipe Melo, que ao contrário do que Abel havia prometido, não foi titular, o Palmeiras fez um jogo inteligente. Fechou-se com competência e explorou os espaços que o Flamengo, como admitira Renato Gaúcho, sempre deixa. Na primeira oportunidade, a equipe alviverde foi às redes com Raphael Veiga. Gómez lançou Mayke, que avançou livre pela direita nas costas de Filipe Luís e rolou para o meio-campista, candidato a craque da competição, concluir de primeira por baixo de Diego Alves. Festa dos palmeirenses aos cinco minutos no Centenário.

O Flamengo, mesmo com Arrascaeta de volta e o quarteto ofensivo completo, se enroscou na marcação do rival. Não foi capaz de encontrar as brechas na eficiente estratégia montada por Abel Ferreira. Uma das poucas chances saiu dos pés de Bruno Henrique, mas ele demorou para tomar uma decisão e foi desarmado por Gustavo Gómez. O paraguaio fez um primeiro tempo impecável no Centenário.

Antes do intervalo, Filipe Luís se lesionou e deu lugar a Renê. O Flamengo não voltou com mudanças para o segundo tempo, mas a postura foi diferente. O time rubro-negro pressionou o Palmeiras e até os 15 minutos criou as chances que não havia criado na etapa inicial. Foram três chegadas com perigo. Na melhor delas, Weverton fez uma defesa impressionante em conclusão sem ângulo de David Luiz.

O Palmeiras não reduziu o ritmo. Continuou ganhando boa parte das dividas e trabalhou com eficiência na defesa. Na frente, o incansável Rony quase marcou em belo arremate de fora da área que iria no ângulo não fosse a intervenção de Diego Alves.

Passados 20 minutos, os rubro-negros nas arquibancadas gritaram o nome de Michael pedindo a entrada do atacante. Renato Gaúcho atendeu ao pedido e lançou mão do ponta no lugar de Everton Ribeiro. O capitão teve atuação discreta.

Quando o Palmeiras dava indícios de que voltaria a controlar o jogo, Gabriel tabelou com Arrascaeta, invadiu a área pela esquerda e bateu rasteiro para vencer Weverton e fazer a massa rubro-negra explodir, aos 27 minutos.

Com o adversário em cima, Abel resolveu mexer e trocou Dudu por Wesley. Danilo teve de sair por lesão para a entrada de Patrick de Paula. Zé Rafael, o outro volante titular, também se machucou. No lugar dele entrou Danilo Barbosa, prova de que Felipe Melo realmente estava sem condições de jogo, uma vez que permaneceu no banco.

O time paulista passou a ficar mais com a bola. Trocou passes de um lado para o outro, mas, desta vez, encontrou dificuldade para penetrar na zaga do Flamengo, que descolou bons contra-ataques. No melhor deles, Michael saiu na cara do gol, mas bateu cruzado para fora. Sem mais movimentação, o jogo se encaminhou para a prorrogação.

O Palmeiras perdeu o terceiro jogador por lesão: Raphael Veiga, substituído por Deyverson. Quis o destino que, tal qual Breno Lopes na última decisão, houvesse um herói improvável. E foi Deyverson. O polêmico e às vezes destemperado atacante aproveitou o vacilo de Andreas Pereira na zaga e bateu na saída de Diego Alves. A bola tocou no goleiro e morreu nas redes. O atacante comemorou efusivamente com a torcida, chorou e recebeu cartão amarelo.

PALMEIRAS 2 x FLAMENGO 1 

Flamengo - Diego Alves; Isla (Matheuzinho), Rodrigo Caio, David Luiz e Filipe Luís (Renê); Willian Arão, Andreas Pereira (Pedro), Éverton Ribeiro (Michael) e Arrascaeta (Vitinho); Bruno Henrique (Kenedy) e Gabriel. Técnico: Renato Gaúcho

Palmeiras - Weverton; Mayke (Gabriel Menino), Gómez, Luan e Piquerez (Felipe Melo); Danilo (Patrick de Paula), Zé Rafael (Danilo Barbosa), Gustavo Scarpa, Raphael Veiga (Deyverson) e Dudu (Wesley); Rony. Técnico: Abel Ferreira

Gols - Raphael Veiga, aos 5 minutos do primeiro tempo. Gabriel, aos 27 minutos do segundo tempo. Deyverson, aos 5 minutos do primeiro tempo da prorrogação

Cartões Amarelos - Rodrigo Caio, Gustavo Gómez, Arrascaeta, Piquerez, Gabriel

Árbitro - Néstor Pitana (Argentina)

Renda e Público - Não divulgados

Local - Estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai

Abel se coloca entre os grandes do clube

Português repetiu seu mantra: "cabeça fria, coração quente". - CESAR GRECO / AGÊNCIA PALMEIRAS
Português repetiu seu mantra: "cabeça fria, coração quente". (crédito: CESAR GRECO / AGÊNCIA PALMEIRAS)

Abel Ferreira prometera em novembro de 2020 que não tinha atravessado o Oceano Atlântico à toa, para “passar férias”. A promessa já havia sido cumprida em sua primeira temporada, com dois títulos. Agora, com a segunda conquista da Copa Libertadores em sequência, o jovem treinador português fincou seu nome na galeria dos maiores técnicos do Palmeiras na história. O título coroa uma jornada atribulada e com mais problemas do que o treinador gostaria. Ele gosta de dizer que 24 horas é tempo suficiente para comemorar ou lamentar Desta vez, com o seu segundo troféu continental, deve ignorar esse pensamento.

Abel é o segundo técnico mais longevo do futebol brasileiro. Só está atrás de Maurício Barbieri, comandante do Red Bull Bragantino desde setembro de 2020. Ele é o primeiro português, oitavo europeu e 23º estrangeiro a treinar o Palmeiras e em pouco mais de um ano já fez história no clube. Foi o único no século a ganhar duas taças pela equipe na temporada passada e agora colocou seu nome entre os grandes da Libertadores com a sua segunda taça. Somente ele, Felipão, Lula, Telê Santana e Paulo Autuori são bicampeões continentais por clubes brasileiros.

O jovem treinador já viveu quase tudo no Palmeiras. Ele resgatou o moral de uma equipe abalada quando assumira para suceder Vanderlei Luxemburgo e a conduziu aos títulos da Copa do Brasil e da Libertadores. Depois passou um período de turbulência, com a campanha ruim no Mundial e três vice-campeonatos no início da temporada, além da eliminação surpreendente para o CRB na Copa do Brasil. Mas novamente reergueu o time e o levou ao tri continental.

Contra o Flamengo, na decisão em Montevidéu, o time se portou como o treinador gosta: calmo e sereno, com o “coração quente e a cabeça fria”, mantras do português. Estudioso, analisou com cuidado e precisão o adversário da final.

No percurso acidentado, com mais resultados negativos do que em 2020, Abel teve de rever conceitos, modificar alguns planos, mas se manteve convicto sobre o seu trabalho e não recuou diante das críticas. Há quem o vê com postura arrogante, há quem o enxergue como um profissional assertivo e corajoso. 

Mais uma vez, título veio pelos pés de um herói improvável

Deyverson aproveitou falha de Andreas para se consagrar. - EITAN ABRAMOVICH / AFP
Deyverson aproveitou falha de Andreas para se consagrar. (crédito: EITAN ABRAMOVICH / AFP)

Pouquíssimos torcedores do Palmeiras apostariam que Deyverson seria o herói da conquista do tricampeonato da Copa Libertadores. Mas o roteiro do “herói improvável” se impôs pelo segundo ano seguido. Depois de Breno Lopes garantir o bi sul-americano no início do ano, Deyverson garantiu a “glória eterna” com o gol da vitória sobre o Flamengo. O herói do tri é o polêmico, criticado e iluminado Deyverson.

“Tive altos e baixos. Não culpo ninguém pelos altos e baixos. Cometi falhas, mas nunca deixei de trabalhar e ajudar meus companheiros. Só tenho que agradecer a Deus. Não tenho palavras para agradecer meu pai, minha mãe, meu empresário, um cara sensacional. Só agradecer a Deus por tudo e por essa conquista maravilhosa. Estou muito feliz. Nem sei explicar”, afirmou o atacante após a conquista no estádio Centenário.

As circunstâncias do gol histórico também foram improváveis. Depois de uma falha bisonha do meia Andreas Pereira, no começo da prorrogação, o atacante do Palmeiras avançou sozinho e tocou de perna esquerda na saída do goleiro Diego Alves. Foi apenas o primeiro gol de Deyverson na Libertadores e o quinto da temporada. Na comemoração, ele já começou a chorar.

No final do jogo, o atacante também desabafou em relação ao favoritismo atribuído ao Flamengo, segundo ele, por parte da imprensa. “As pessoas que falam muitas coisas, mas elas têm de respeitar o Palmeiras e todos os grandes jogadores que passaram por aqui. Vencemos um grande adversário, mas o Palmeiras também é gigante.” 

Raphael Veiga supera Alex e orgulha o avô palmeirense

Quando o avô de Raphael Veiga estava na cama da UTI, ele pediu ao neto que se, tivesse a oportunidade, jogasse no Palmeiras. O meio-campista não só realizou o sonho do avô, como tornou-se protagonista nas últimas temporadas, levantou a taça da Copa Libertadores pela segunda vez e foi o destaque da equipe alviverde nesta edição. Rafael, seu xará, morreu antes de ver o neto brilhar, mas o sentimento do avô moveu o atleta a brilhar no time do coração dos dois.

Quando o Palmeiras foi bicampeão continental ao derrotar o Santos no Maracanã, Veiga já havia dedicado a conquista ao avô. Agora repete o gesto depois de uma trajetória com ainda mais brilho, marcando o gol que abriu o placar na vitória por 2 a 1 sobre o Flamengo, no estádio Centenário.

Veiga foi revelado pelo Coritiba, onde trabalhou e aprendeu com o ídolo palestrino Alex. No time paranaense, era comparado ao ex-camisa 10 justamente por ser um talentoso meia armador canhoto. Mal poderia imaginar que não só repetiria o feito do amigo ao conquistar a Libertadores pelo Palmeiras em 2020, como superaria o ex-jogador ao ganhar também a edição de 2021.

Nesta Libertadores, o meio-campista anotou seis gols em 12 jogos e foi um dos destaques da equipe. É o artilheiro do time comandado por Abel Ferreira na temporada, com 18 gols, e um dos homens de confiança do treinador português, que foi responsável pelo crescimento e amadurecimento do atleta. As conclusões precisas são justamente um de seus atributos. (Estadão Conteúdo)

Galeria

Confira a galeria de fotos