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Iphan tomba Complexo do Ibirapuera e dificulta plano estadual de privatização

05 de Novembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Órgão federal reconheceu valores cultural, histórico e social das instalações esportivas.
Órgão federal reconheceu valores cultural, histórico e social das instalações esportivas. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) decidiu ontem (4) pelo tombamento provisório do Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera, em São Paulo. A decisão do órgão ligado ao Ministério do Turismo, assinada pela presidente Larissa Peixoto, foi publicada no Diário Oficial da União.

Contrário ao tombamento durante todo o processo, o Governo do Estado tem o prazo de 15 dias a partir de ontem, data da notificação, para tentar impugnar a decisão, que representa uma dura derrota ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), dificultando o plano de que a estrutura seja concedida à iniciativa privada e passe por um amplo processo de reformulação.

O governo estadual se manifestou contrário ao tombamento durante todo o processo. A gestão de João Doria -- e outras tucanas nos últimos anos -- tenta em São Paulo viabilizar a concessão do complexo à iniciativa privada. Mas atletas e outros setores da sociedade civil se mobilizaram para impedir que a iniciativa fosse adiante.

A pressão de atletas, sobretudo, foi determinante para que o tombamento fosse aprovado. Desafeto político de Doria, contra o qual deve concorrer na eleição presidencial de 2022, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), também trabalhou para atrapalhar os planos do governo estadual.

“Nos últimos 12 meses, foram muitas as manifestações da sociedade civil, em defesa dos valores cultural, histórico e social do complexo, pedindo a revisão do projeto de concessão para que esse valores fossem respeitados”, afirma Renato Luiz Sobral Anelli, representante do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), pelo estudo de tombamento do complexo.

Com o tombamento provisório, agora, “eventuais intervenções nele -- bem tombado -- e em seu entorno devem ser previamente autorizadas pela Superintendência do Iphan no Estado de São Paulo”.

Em nota, o governo de São Paulo afirmou que “tomará todas as medidas, sejam elas administrativas ou judiciais, para reverter” a decisão do Iphan e disse considerar que “não há qualquer fundamento que ampare o tombamento provisório das instalações do Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães”.

O tombamento provisório ainda tem de ser confirmado pela assembleia geral do Iphan. No entanto, a medida sinaliza que o processo de concessão não deve ocorrer. Isso porque a decisão do órgão federal impede qualquer mudança estrutural no aparelho.

“O bem ficará preservado até lá. Cabe agora à sociedade civil propor alternativas para o conjunto, que o preserve, pois o único projeto do estado e município foi o da sua demolição. Que foi impedida hoje”, diz Anelli. (Da Redação, com Estadão Conteúdo)