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Paratleta sorocabano sonha disputar os Jogos de Paris

02 de Outubro de 2021 às 00:01
Marina Bufon [email protected]
Fábio Paiffer treina lançamento de peso e de disco e três tambores.
Fábio Paiffer treina lançamento de peso e de disco e três tambores. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (16/9/2021))

A dificuldade na fala, decorrente de uma paralisia cerebral, não impede o sorocabano Fábio Paiffer de se expressar -- e muito bem. Com 41 anos recém-comemorados no último dia 29 de setembro, o atleta iniciou a carreira nos anos 2000 e disputa diversas modalidades: do paratletismo, passando por lançamento de peso e de disco até chegar à prova dos três tambores, praticada com cavalos.

“Iniciei com eventos pequenos de atletismo, em uma corrida com andador, que chama marcha atlética. Até então eu não tinha andador, eu andava pelo chão, ganhei o regional e o estadual, mas me proibiram de andar acompanhado. Com muito esforço, usei andador em 2002 e corri, venci também. Mas a minha maior vitória foi andar (de andador). Desde então, não parei mais”, iniciou em seu quarto, repleto de medalhas e troféus.

Fábio mora na zona norte de Sorocaba, nos fundos da casa da família. Ele conta que, com o andador, tem uma vida normal: anda na rua, pega ônibus e vai aos treinos. Aliás, sua agenda é cheia graças às modalidades que pratica. “O esporte faz tudo, traz saúde, melhora a parte emocional, melhora muito mesmo, e me ajudou a ser mais independente. Eu não saía sozinho, mas já faz 18 anos que ando de ônibus. Vou para Mairinque treinar duas vezes por semana o arremesso, no projeto Superação. O tambor eu treino em Boituva, com a minha prima, numa clínica com cavalos”, contou o atleta.

O sonho dele é representar o Brasil na Paralimpíada de Paris, em 2024, em qualquer uma das modalidades que disputa e que estejam no programa. Para isso, ele pede ajuda para realizar suas viagens para treinos e também competições. Basta entrar em contato por meio das redes sociais (@paratletapaiffer), administradas por sua sobrinha Eduarda.

Santo Forte

Fábio Paiffer sempre teve contato com a natureza, principalmente com cavalos, já que foi criado no sítio da família. No entanto, o paratambor entrou em sua vida apenas em 2019, a convite de uma prima, Camila Nogueira, terapeuta e idealizadora do Rancho Vida Equestre, localizado em Boituva. Mesmo com pouco tempo de estrada, ele já venceu diversas provas.

“Sou treinado pelo meu pai. A relação é muito boa. Faz três meses que eu ganhei um cavalo, ele se chama Santo Forte, tem dois anos de idade e não foi adomado. Porém, meu pai está domando para que ele deite e eu suba”, explicou.

Emocionado com o fato de ter ganhado seu próprio cavalo, ele deu um recado àqueles que passam por dificuldades ou até mesmo crianças que veem nele um espelho. “Primeiro de tudo, ninguém é diferente de ninguém. Para mim, não existe deficiência, somos especiais, porque deficiente todo mundo é. Se alguém sonhar alguma coisa, é só correr atrás, não existe limitação”, finalizou. (Marina Bufon)