Esportes
Cidade pratica inclusão no esporte
Opções para pessoas com deficiência estão na grama, na água ou nas pistas de atletismo de Sorocaba
A Paralimpíada de Tóquio, que acabou no início do mês, teve recorde de medalhas de ouro conquistadas pelo Brasil -- foram 22 no total. Uma delas foi garantida de forma inédita pela halterofilista Mariana D’Andrea, que possui nanismo, é natural de Itu e treina naquela cidade. Olhando para Sorocaba, será que o paradesporto está recebendo a atenção que merece?
Segundo dados fornecidos pela Prefeitura, neste momento existem projetos voltados a duas modalidades: na natação, com a Sociedade Esportiva Aquática de Sorocaba (Seas), e no atletismo, com o atletismo ACD. A Sociedade Esportiva Aquática de Sorocaba (Seas) oferece natação esportiva convencional e para deficientes físicos, visuais e intelectuais, a nível competitivo e também social. A equipe de atletas com deficiência (ACD) é formada por 22 pessoas.
“O objetivo é fomentar a natação em Sorocaba, trazer mais pessoas para praticar, mas a nível de competição.Quem nos procura, seja deficiente ou convencional, já tem que ter sido nadador ou pelo menos treinado em academia, porque a gente participa de competições”, explicou Kelly Licia Machado de Sales, técnica e gestora técnica da Seas.
A entidade possui parceria com o Sesi de Sorocaba e o Clube de Campo, além de ter sido contemplada neste ano com edital de chamamento da Semes. Em contrapartida, a entidade iniciou em agosto um projeto social com aulas gratuitas tanto para ACD com a Associação Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), quanto na natação convencional, para munícipes em geral, que já foram selecionados anteriormente.
A entidade representa Sorocaba em diversas competições, como Jogos Regionais, Jogos Abertos, Campeonato Paulista de Paranatação, Circuito Nacional Loterias Caixa e Maratona Aquática, com diversos resultados e conquistas de destaque. A natação é a segunda modalidade que mais medalhas já garantiu para o Brasil na história das Paralimpíadas. Em Tóquio, foram 23 medalhas no total: oito de ouro, cinco de prata e dez de bronze, recorde brasileiro na modalidade.
Já o atletismo ACD é voltado a crianças, jovens e adultos e ocorre tanto no Centro Esportivo Vila Gabriel (de terças e quintas) quanto no Parque das Águas (aos sábados). Nesses locais, são oferecidos diversos tipos de atividades, como corrida com cadeira de rodas, corrida para amputados, corrida para deficientes visuais, lançamento e arremesso para cadeirantes, além de outras provas do atletismo paralímpico.
O atletismo foi a modalidade que mais garantiu medalhas ao Brasil em Tóquio, com 28 (oito de ouro, nove de prata e 11 de bronze), e também na soma de todas as participações brasileiras nas edições anteriores do megaevento (170 no total).
Em julho deste ano, a Semes firmou acordo de cooperação com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) para capacitar profissionais de educação física do município nessa área. Os interessados participarão do curso “Movimento Paralímpico: fundamentos básicos do esporte”, de 46 horas, desenvolvido pelo CPB e que tem como objetivo incorporar o conteúdo específico no planejamento das aulas de professores que atuam no contexto escolar e não-escolar.
Estrutura física
Sorocaba possui atividades voltadas a esse público em dois espaços: no Centro Inclusivo de Esportes e Lazer (Ciel), na Vila Santana, e no Centro Esportivo Jornalista Armando Bacelli, na Vila Gabriel. No Ciel, até o início da pandemia, eram realizadas aulas de ginástica destinadas a pessoas com mobilidade reduzida, além dos equipamentos adaptados para cadeirantes, inclusos no conjunto de aparelhos da academia ao ar livre instalada no local.
Para a prática de outras modalidades, o Centro também dispõe de um salão multiuso para aulas de judô para crianças, além das duas quadras externas para a prática do vôlei, futebol, basquete, entre outros. Já na Vila Gabriel, ocorriam os treinamentos da equipe de handebol, onde os atletas com deficiência tinham acesso aos equipamentos esportivos necessários.
Asfa mantém equipe de amputados
Fundada em 2017, a Associação Sorocaba de Futebol de Amputados (Asfa) possui parcerias com Magnus, Unimed, Ortopédica Excellence e Smetal, foi campeã brasileira da Série B em 2019 e, já teve vários atletas convocados para treinos com a seleção brasileira -- o País é tetracampeão mundial na modalidade.
Agora, além de oferecer futebol masculino, vôlei sentado e futevôlei PCD, a entidade fundou a primeira equipe inteiramente feminina de futebol para amputados do Brasil. “No início das atividades, já contávamos com duas mulheres, uma delas Viviane Antunes, que foi a primeira da história no país a marcar um gol em competições oficiais. Esse é apenas um pequeno passo comparado ao que queremos, que é propor inclusão social e gerar qualidade de vida. O empoderamento e inclusão da mulher é a parte fundamental de tudo isso”, disse Adilson Nunes de Souza, o Dinho, presidente da Asfa.
Viviane, a “Vivi”, sofreu um acidente de moto em 2016 e precisou amputar uma perna. No entanto, isso não foi -- e nem é -- problema. “Estou desde o início do projeto. A montagem da equipe feminina tem sido fundamental, pois trocamos experiências, aprendemos muito, além de estarmos praticando atividade física. O intuito é mostrar que existe vida depois da amputação, e vida de qualidade. É possível viver muito bem”, contou.
Segundo a Prefeitura, um time de vôlei feminino sentado também está sendo montado pela Asfa, o qual treinará, em breve, em um centro esportiva da cidade com o apoio da Secretaria de Esportes e Lazer (Semes). (Marina Bufon)
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