Buscar no Cruzeiro

Buscar

Sempre na Boleia

Djalma Pivetta, de Laranjal Paulista, foi de caminhoneiro a piloto da Truck

26 de Junho de 2021 às 00:01
Marina Bufon [email protected]
O jovem caminhoneiro que transportava combustível há alguns anos.
O jovem caminhoneiro que transportava combustível há alguns anos. (Crédito: ARQUIVO PESSOAL)

A equipe Iveco Usual Racing, de Laranjal Paulista, voltou às pistas neste final de semana para a segunda etapa da Copa Truck, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Na primeira etapa, em Goiânia, todos os seus pilotos ficaram no Top-10 -- Felipe Giaffone foi campeão na primeira corrida, Valmir Benavides foi sexto e sétimo lugares nas duas corridas e, por fim, Djalma Pivetta terminou em 11º e nono.

Pivetta tem uma das histórias mais interessantes da categoria. Filho de caminhoneiro, seguiu a profissão do pai transportando materiais de construção e, ao longo de sua carreira, abriu uma fábrica de brinquedos chamada Usual, em Laranjal Paulista, onde nasceu.

Hoje, aos 49 anos, pode dizer que realizou o sonho de virar piloto -- e como!. Em 2018, com o apoio da Iveco, montou sua equipe, a Iveco Usual Racing, e, junto de sua dupla, Felipe Giaffone, professor que “pura a orelha”, colocou-a entre as melhores do Brasil.

Início de tudo

“A família inteira é de caminhoneiros, meu pai e meus tios, todos envolvidos com isso, então a vontade era grande de trabalhar com caminhão. Claro que minha mãe era contra, mas com 18 anos eu já estava com caminhão na garagem. Cheguei a trabalhar de empacotador de supermercado, sempre em Laranjal, mas não gostava. Então, eu passei a fazer entregas de telhas dirigindo caminhão, fazia um raio de 300 quilômetros. Saía de madrugada e voltava à noite”, iniciou Pivetta.

Nessa época de entregas, ele ia muito para a região do Autódromo de Interlagos, em São Paulo, e, fã de Ayrton Senna, chegou até mesmo a transportar telhas para a fazenda dele.

Hoje corre pela Iveco Usual Racing na Copa Truck. - ARQUIVO PESSOAL
Hoje corre pela Iveco Usual Racing na Copa Truck. (crédito: ARQUIVO PESSOAL)

“Via as oficinas, o Senna estava no auge e tive contato com carro de corrida ali. Eu também era convidado para assistir a Fórmula Truck, ficava babando no alambrado. Depois que montei uma fábrica de brinquedos, aí tive mais contato ainda com o pessoal da corrida”.

Djalma parou com a vida de caminhoneiro em 2010, mas não parou com os caminhões: quatro anos depois, já não estava mais nos alambrados e, sim, nos boxes. “Foi aí que acendeu (o desejo de pilotar), comecei a andar de kart e, em 2019, recebi o convite de correr pela Iveco”.

Trabalho duro

Quem pensa que ser piloto é só sentar no banco e apertar o acelerador está muito enganado. Para entrar de vez neste universo, Pivetta pediu ajuda ao sorocabano Átila Abreu, piloto da Stock Car: “Por onde eu começo se quero correr?”, questionou ele.

Então, Átila mostrou-lhe cursos de pilotagem, os quais ele fez e passou, adquirindo experiência para conseguir sair do kart, passar para o carro e, por fim, ao caminhão. Em sua primeira corrida oficial, na Copa Truck de 2019, largou em 17º e terminou na 11ª colocação, em Goiânia, em um total de 24 caminhões.

“Por incrível que pareça, na hora que eu alinhei a primeira vez, eu não tive medo em nenhum momento. E foi uma bela de uma corrida, prova de fogo. A hora que eu desabei mesmo foi depois, passando a linha dos boxes, ali eu desabei, porque vi que era realidade, um sonho conquistado, um desejo muito grande realizado, ter conseguido levar o caminhão inteiro para o boxe e terminado a corrida”, disse.

Correndo por aí

A segunda etapa da Copa Truck de 2021 acontecerá neste final de semana, em Interlagos, lugar que tanto enchia os olhos de Djalma Pivetta desde os tempos de caminhoneiro. No momento, ele é o nono colocado geral na tabela -- as duas corridas acontecem no domingo (27), a partir das 13h.

“A competição está bem no início, mas estamos com caminhão bem acertado e, a cada ano que passa, estamos em evolução. A expectativa é muito boa. Terminamos bem em Goiânia, no Top-10, e espero ficar entre os cinco primeiros em Interlagos”.

Infelizmente, o pai dele, sua grande inspiração para seguir a vida no caminhão -- de caminhoneiro a piloto -- faleceu em 2018 e não o viu correr na categoria, mas ele brinca com suas origens e deixa uma mensagem para quem quer seguir o seu caminho.

“Ele era um italianão difícil, ia falar que caminhão é para trabalhar, não para correr. Mas meus tios acompanham e minha mãe torce. Sempre carrego comigo a ideia de que quando você põe uma meta e tem foco, tudo é possível, com muita dedicação, tudo é possível. Mas você tem que ter uma equipe muito boa por trás e apoio da família, senão você não chega a lugar nenhum”, finalizou. (Marina Bufon)

Galeria

Confira a galeria de fotos