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Sorocaba

Imóvel fica ‘ilhado’ em obra de viaduto

Herdeira do sobrado aguarda resolução de pendência judicial para negociar desapropriação com a Prefeitura

09 de Junho de 2021 às 00:01
Marcel Scinocca [email protected]
Imóvel está com a família de Sueli há 47 anos. Enquanto aguarda resolução, ela vai
Imóvel está com a família de Sueli há 47 anos. Enquanto aguarda resolução, ela vai "levando a vida". (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (2/6/2021))

Pendências judiciais relacionadas a um inventário fizeram com que uma residência ficasse “ilhada” em meio às obras na avenida Ulysses Guimarães, na zona norte de Sorocaba. No local, acontece a construção de um viaduto, ligando a via com a avenida Edward Fru-fru da Silva.

A moradora da residência, Sueli Maria dos Santos, de 53 anos, conta que o sobrado foi herança do pai, que faleceu há três anos. “Enquanto não resolve isso, estou aqui”, conta. Ela diz ainda que a pandemia do novo coronavírus também atrapalhou o processo judicial que trata do assunto. “Meus vizinhos já resolveram, receberam e se mudaram. Eu estou aqui e não me chamaram ainda”, conta.

O problema já ocorre há pelo menos 18 meses. Ela ainda lembra que, devido às obras, tem problemas com o barulho e com a poeira gerada pelos trabalhos. Apesar disso, tenta levar a vida dentro da normalidade, tanto que quando a reportagem esteve no imóvel, havia uma quantia considerável de roupa que ela tinha acabado de lavar. “A gente precisa dar um jeito para ir levando a vida”, diz.

Ainda conforme ela, a casa precisou ser avaliada após o aparecimento de trincas. “Eles, da empresa, vieram avaliar. Eu tenho medo. Tem muita máquina pesada”, diz. “A gente sente nas janelas, nas portas”, comenta Sueli que reside no local há 47 anos e, ao menos por enquanto, não tem para onde ir até que a situação se resolva.

A única renda de Sueli, que está separada, também acabou. Trata-se de da parte térrea do sobrado, onde funcionava uma loja de serviços automotivos. Com o início das obras e a impossibilidade de estacionamento - e ainda as dificuldades de acessar o comércio -, o inquilino foi embora.

A residência de Sueli é a única que está com pendências, de pelo menos 11 que constam no processo de desapropriação no entorno do novo viaduto. A vizinha dela, Sônia Barros Correa, já resolveu tudo e até já mudou para a casa nova. Ele defende que a ex-vizinha seja assistida pelo poder público de alguma forma, já que está sem renda no momento. “Estão cavando tudo. Pode ceder. Precisa ver isso”, adverte.

A obra, que está sendo executada pela empresa Jofegê Pavimentação e Construção Ltda., teve contrato assinado em fevereiro de 2020. Está orçada em R$ 19,95 milhões, por meio de financiamento junto ao Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), e integra o Plano Diretor do Município. O prazo de execução é de 12 meses após o início dos trabalhos, que não coincide com a data de assinatura do contrato. (Marcel Scinocca)