Campeonato Paulista
Choque-Rei pra valer fecha o Paulistão
Prêmio de R$ 33,5 milhões faz São Paulo e Palmeiras colocarem força máxima na decisão da Série A1
Considerado o torneio menos importante da temporada dos grandes clubes de São Paulo em função do nível técnico dos competidores, o Campeonato Paulista ganhou relevância e virou prioridade nas últimas semanas. São Paulo e Palmeiras -- confronto denominado Choque-Rei --decidem hoje o título estadual, às 16h, no Morumbi, depois de poupar seus titulares nos jogos da Libertadores, badalado torneio que garante vaga no Mundial de Clubes. Essa mudança de status do estadual em relação ao sul-americano era impensável anos atrás. O Paulistinha virou Paulistão.
Depois do empate por 0 a 0 no primeiro jogo da semifinal, no Allianz Parque, nova igualdade (por qualquer placar) levará a decisão para os pênaltis. O vencedor levará o título. Por ter feito a melhor campanha, o São Paulo leva a vantagem de fazer o segundo confronto em casa.
Disputado em cerca de três meses, o Campeonato Paulista merece o grau aumentativo também em função de sua rentabilidade. Nesta semana, o Cruzeiro do Sul mostrou que o campeão paulista vai receber R$ 33,5 milhões. Para faturar esse mesmo valor, Palmeiras e São Paulo teriam de chegar ao menos na semifinal da Libertadores, quando receberiam R$ 40 milhões. Ou chegar também à semifinal da Copa do Brasil.
Para o São Paulo, o torneio estadual se tornou a primeira oportunidade da temporada de encerrar o jejum de nove anos sem conquistas. Do lado alviverde, o bicampeonato seria uma resposta às críticas depois dos reveses na Supercopa do Brasil e na Recopa Sul-Americana e de uma campanha irregular na primeira fase. Por essas razões, a taça está longe de ser “menor”.
O termo “Paulistinha” foi usado mais recentemente pelo presidente Maurício Galiotte, do Palmeiras, na decisão contra o Corinthians em 2018. O dirigente criticou a arbitragem por recuar depois de assinalar um pênalti de Ralf em Dudu por “interferência externa”, segundo ele. O Corinthians se sagrou campeão. “Esqueçam o Paulistinha. O Palmeiras vai brigar por coisas grandes”, disparou.
A última vez que um Choque-Rei decidiu o campeonato estadual foi há 29 anos. Em 1992, o Tricolor ficou o título com duas vitórias sobre o rival: 4 a 2 e 2 a 1.
Tricolor de olho na sobrevivência
Para o técnico do São Paulo, Hernán Crespo, a conquista do Campeonato Paulista, hoje, sobre o Palmeiras, é sinônimo de tranquilidade e respaldo para o restante da temporada. Vale o mesmo raciocínio para a diretoria, que tomou posse em janeiro. Foi por isso que o diretor de futebol do São Paulo, Carlos Belmonte, usou a expressão “Copa do Mundo” para se referir ao torneio. Um troféu se tornou ainda mais urgente depois da campanha no Campeonato Brasileiro do ano passado. Mesmo abrindo sete pontos na liderança, o time do Morumbi perdeu um título que estava bem próximo.
Essa obsessão orientou o planejamento da comissão técnica desde o início do torneio. Nas fases agudas, ele ficou ainda mais evidente. Com o aval dos diretores, o time poupou os titulares nos dois últimos jogos da Libertadores (Rentistas e Racing). Hoje é o segundo colocado da chave. Tudo para que o time principal fosse preservado para os dois jogos da decisão.
Todos os cuidados tiveram êxito apenas relativo. O clube confirmou que o meia Martin Benítez sofreu um estiramento na coxa esquerda, praticamente descartando o argentino na segunda decisão. Já o lateral-direito Daniel Alves sofreu um trauma no joelho e será reavaliado. O clube vive ainda a expectativa pela volta de Luciano e Eder, que também se recuperam de lesão.
“Neste momento, qualquer coisa que eu fale aqui não quero que vire desculpa. Mas é um fato, o calendário é assim. Vamos jogar uma final no Morumbi, vamos ver como os atletas estarão. Sabemos da dificuldade, mas a situação é essa e convivemos com ela”, afirmou Crespo após a primeira partida da final quinta-feira (20), que terminou em empate sem gols.
Verdão muda prioridade e sacrifica Libertadores
Para o Palmeiras, o torneio foi ganhando peso aos poucos. Depois que a Federação Paulista de Futebol negou o pedido de adiamento do jogo com o Corinthians, ainda na fase de classificação, o atual campeão passou a escalar um time B. Às vezes, até o C no torneio. A prioridade escancarada era a Libertadores.
Nas fases finais do estadual, a situação mudou. A escalação reserva passou a ser mais encorpada. Nas quartas de final diante do Bragantino, jogaram vários titulares -- o gol da classificação foi marcado por Rony, destaque da temporada. Diante do Corinthians, na semifinal, a escalação foi a principal. Além disso, o técnico Abel Ferreira usou o time reserva na última partida da Libertadores, terça-feira (18), no Allianz Parque -- derrota por 4 a 3 para o Defensa y Justicia. Vale lembrar que o time já está classificado em primeiro lugar de sua chave.
Com um elenco recheado de opções, Abel deve repetir a escalação de quinta-feira. Ou pode optar pelo titular Matías Viña no lugar de Victor Luis na lateral-esquerda. “A história do jogo de quinta-feira foi essa, no domingo pode ser outra. São jogos diferentes, basta ter um gol cedo no jogo que já vai ser diferente. Se não houver gols, será parecido”, analisou João Martins, auxiliar de Abel Ferreira.
Para os torcedores do Verdão, o confronto de hoje tem sabor de revanche. Os mais antigos ainda se recordam do resultado do último Campeonato Paulista decido por Choque-Rei. Em dezembro de 1992, as situações eram extamente opostos: o Palmeiras precisava encerrar um jejum de títulos de 16 anos, enquanto o Tricolor era o campeão estadual e Continental. Porém, as estrelas que acabaram brilhando foram as de Rai, Cafu, Müller e Cerezo. (Da Redação, com Estadão Conteúdo)
SÃO PAULO X PALMEIRAS
São Paulo - Volpi; Arboleda, Miranda, Léo; Igor Vinícius, Luan, Liziero, Reinaldo, Gabriel Sara; Pablo e Luciano. Técnico: Hernán Crespo
Árbitro - Raphael Claus
Local - Morumbi
Horário - 16h
Palmeiras - Weverton; Luan, Gustavo Gómez e Renan; Mayke, Felipe Melo, Patrick de Paula e Victor Luis Raphael Veiga; Rony e Luis Adriano. Técnico: Abel Ferreira
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