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Olimpíada de Tóquio

A um passo de Tóquio

Karateca cerquilhense disputa Pré-Olímpico em Paris por uma das três vagas brasileiras da categoria sênior

23 de Maio de 2021 às 00:01
Marina Bufon [email protected]
Currículo de Stephani Trevisan de Lima inclui bronze no Mundial, pódios na Premier League e no Pan-Americano, além de dois títulos sul-americanos e seis brasileiros.
Currículo de Stephani Trevisan de Lima inclui bronze no Mundial, pódios na Premier League e no Pan-Americano, além de dois títulos sul-americanos e seis brasileiros. (Crédito: ANA MILANELO / DIVULGAÇÃO)

 

Quando o karatê foi incluído como modalidade dos Jogos Olímpicos para Tóquio, em 2016, a karateca Stephani Trevisan de Lima acreditava que uma vaga para representar o Brasil estava bem distante. Quase cinco anos depois, com o adiamento em um ano por conta da pandemia de Covid-19, a realidade se mostra diferente: no próximo dia 12 de junho, a cerquilhense de 24 anos disputará uma de três vagas para a categoria sênior até 61 quilos no Pré-Olímpico Mundial de Karatê, em Paris.

“Estou muito feliz em poder representar o Brasil nesta competição, neste ciclo olímpico, que, se Deus quiser, vai se concretizar com a Olimpíada de Tóquio”, iniciou a jovem.

Stephani está no cenário mundial há bastante tempo: treina desde os seis anos de idade e entre as principais conquistas estão o bronze no Campeonato Mundial, duas medalhas na Premier League, duas medalhas no Pan-Americano, dois títulos sul-americanos e seis brasileiros. Tudo isso a colocam, atualmente, em primeiro lugar no ranking nacional da categoria e na 25ª posição do ranking olímpico mundial.

No ano passado, se os Jogos tivessem acontecido, ela já teria sido convocada só pelo ranking. No entanto, mesmo que a listagem tenha sido congelada, o ranking já está fechado, e sua ida para Tóquio depende da competição parisiense no próximo mês.

“No ano passado eu estava com ranking para ir para Tóquio, seria convocada. Neste momento, o ranking já foi encerrado, as quatro primeiras estariam classificadas, eu fiquei em 25º em mais de 300 meninas. Porém, fui a melhor colocada do Brasil no ranking da minha categoria mundial, então ganhei o direito de representar o País neste torneio classificatório”, explicou.

Dedicação integral

“Me preparei durante a minha vida toda para essa competição, para a Olimpíada, na verdade. É muito importante ter pessoas boas e que compartilham os meus sonhos comigo, como a Renata (Trevisan)”, disse Stephani.

Em Cerquilho, sua cidade natal, é difícil uma pessoa que não conheça tanto a história dela quanto a de sua tia, a também karateca Renata Trevisan, que já foi vice-campeã Pan-Americana, vice-campeã Sul-Americana, bicampeã brasileira e mais de dez vezes campeã paulista. Elas sempre batalharam muito, dentro e fora dos tatames, para que a modalidade fosse reconhecida.

“Fiquei muito empolgada (quando o karatê foi inserido na Olimpíada). No início não acreditava que fosse possível para mim, mas depois fui percebendo que eu poderia chegar e foi aumentando minha satisfação e felicidade. Com o adiamento, pude intensificar meus treinos e dar um tempo nas competições, estava bem cansada. Aumentei meu repertório de golpes, melhorei a parte física, mental e evolui muito nesse tempo”.

A preparação atual da jovem karateca está bem intensa, com praticamente dois treinos por dia, tanto físico e técnico, quanto na parte mental. Ela possui uma série de parcerias com fisioterapeuta, nutricionista e academia, mas patrocínio é apenas um, da Bricoflex, que a ajuda mensalmente.

Luta fora do tatame

“Em algumas competições, porém, o dinheiro não é suficiente, até porque eu tenho minha vida fora do esporte, então o patrocínio me ajuda a seguir treinando e ao mesmo tempo a não ficar tão preocupada com as contas que chegam no final do mês, mas não tem como sobreviver sem buscar mais recursos, infelizmente. Apesar de eu ter esse apoio, a questão financeira ainda é bem complicada”.

A atleta também é professora de karatê (adulto, infantil e personal) e dá consultorias, agora online por conta da pandemia, e vende rifas para arrecadar dinheiro. Antes, também ficava nos dois únicos semáforos de Cerquilho pedindo dinheiro aos moradores, mas também por conta da Covid-19, a ação precisou parar.

“As pessoas podem me ajudar comprando minhas rifas, no semáforo, quando peço dinheiro, ou, se alguém tiver interesse em me ajudar, é só entrar em contato comigo pelas minhas redes sociais (@stehtrevisan)”, finalizou.

E, claro, a ajuda também pode acontecer por meio da torcida. (Marina Bufon)