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Jogos Olímpicos de Tóquio

Abner vai a Tóquio

Boxeador formado em projeto social de Sorocaba defenderá o País

16 de Maio de 2021 às 00:01
Marina Bufon [email protected]
Abner Teixeira está entre os 14 mais bem classificados do mundo na categoria até 91 quilos.
Abner Teixeira está entre os 14 mais bem classificados do mundo na categoria até 91 quilos. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

O Brasil será representado por sete boxeadores nos Jogos Olímpicos de Tóquio -- três mulheres e quatro homens. Das 49 vagas gerais disponíveis em 13 categorias diferentes, os melhores colocados no ranking foram selecionados, sendo um deles o sorocabano Abner Teixeira (até 91 quilos). Ele está entre os 14 mais bem classificados do mundo e no top-3 da América e esta será sua primeira participação na competição.

“As expectativas são as melhores. Conheço os adversários de perto e tenho uma equipe excelente trabalhando comigo. Felizmente a pandemia não é mais um problema, porque conseguimos encaixar e ajustar a rotina e seguir com o trabalho, mesmo com as restrições. Fomos vacinados recentemente e mesmo assim somos testados toda semana, para segurança de todos”, explicou o boxeador.

Além de Abner, Graziele Jesus (até 51 kg), Jucielen Romeu (57 kg), Bia Ferreira (60 kg), Wanderson Oliveira (63 kg), Hebert Conceição (75 kg) e Keno Marley (81 kg) buscarão uma medalha para tentar manter o País no pódio pela terceira Olimpíada consecutiva. Nas anteriores, Adriana Araújo (bronze), Yamaguchi Falcão (bronze), Esquiva Falcão (prata) e Robson Conceição (ouro) foram premiados.

A rotina deles não está sendo fácil, com treinos duas vezes por dia, de segunda a sábado, no CT da Equipe Olímpica Permanente, em São Paulo, junto a uma equipe multidisciplinar formada por massoterapeuta, fisioterapeuta, nutricionista e psicóloga.

Uma luz para o futuro

Abner Teixeira da Silva Junior, atualmente com 24 anos, começou sua curta e já vitoriosa carreira no projeto “Boxe -- Uma Luz Para o Futuro”, em Sorocaba, organizado por Vladimir Juliano de Godoi, que atualmente é presidente da Federação de Boxe do Estado de São Paulo.

“Ele começou ainda cedo, no final de 2009 e início de 2010, na unidade do Maria Eugênia, na zona norte. Começou com aulas de boxe e também praticava outras modalidades, como o basquete, mas em 2011 ele se interessou por uma peneira que fizemos e acabou indo para as categorias de base da equipe, o Atleta do Futuro, outro projeto. Só depois de dois anos colocamos ele e aquela geração para competir”, disse Vladimir.

“Comecei com competições menores, como Jogos Regionais e Paulista, até chegar nos Pan-Americanos e Mundiais, na maioria obtendo bons resultados”, avaliou Abner.

De fato, logo nas primeiras competições que participou, sagrou-se campeão e, por isso, acabou chamando atenção da Confederação e da própria Seleção Brasileira.

“Ele fez um estágio e depois o efetivaram por lá. Hoje, é um dos principais peso-pesados do mundo, integrante da Seleção olímpica, com vaga na elite da elite do boxe mundial. Ele teve e tem uma carreira muito bem gerenciada, sempre foi um garoto muito bom de coração, esperto, inteligente, vem de uma boa família, e está galgando degraus mais altos. Com certeza deve fazer bonito e trazer uma medalha para o Brasil”, afirmou seu técnico de formação.

Qualidades indispensáveis

O sorocabano Abner Teixeira é canhoto, o que lhe garante ao menos alguma vantagem em relação à maioria dos outros boxeadores, que são destros e acabam treinando com destros. Além disso, ele também é muito inteligente na luta, com capacidade alta de avaliação tática e de tomada rápida de decisões. No entanto, não é só o físico que o assegura como um bom atleta.

“Como pessoa, o Abner tem muitas qualidades. Além da hombridade e do caráter, ele também é bem determinado e disciplinado, o que o torna um ótimo boxeador, mas também um ótimo ser humano. É o que eu falo sempre aqui: não adianta pegar um atleta que é bom nas quatro linhas, no ringue, mas fora, se não for uma boa pessoa, a vida dele é curta dentro do esporte também. Não se pode transformar vidro em diamante”, ressalta o técnico.

“É lógico que há uma torcida especial por ele, por ser prata da casa. A expectativa é que ele faça ótimos Jogos, que ele conquiste muitas vitórias e que ele possa, no ringue, transformar toda a dedicação dos últimos anos em vitórias, para garantir a medalha de ouro e, assim, consagrar essa brilhante carreira dele, que não está nem na metade”, finalizou Vladimir. (Marina Bufon)