Na contramão da crise, LSB mantém equipe
Castellón (com a bola) e seis companheiros ficaram em Sorocaba. Crédito da foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS (12/3/2020)
A Liga Sorocabana de Basquete (LSB/Flex) não entra em quadra desde 12 de março. Já se vão 104 dias sem uma partidas oficiais. O último -- e único duelo de 2020 -- foi a vitória contra o Assis Basket, por 91 a 79, na estreia da Copa São Paulo, em Sorocaba.
Os sorocabanos estavam empolgados com a temporada. Um bom número de torcedores esteve presente no Ginásio Dr. Gualberto Moreira e a expectativa era grande, como explicou o ala Rafael Castellón, ao programa Fome de Bola, da rádio Cruzeiro FM 92,3.
“Já tínhamos feito a estreia na Copa São Paulo com um bom público. Estávamos empolgados para o próximo jogo, mas a gente sabe que (jogar) é perigoso. Estamos nos cuidando, não podemos abusar. Mas, sabemos que vamos sair dessa”, ponderou.
Em meio à paralisação de treinos e jogos, várias equipes da modalidade no Brasil encerraram as suas atividades, como os tradicionais times de Bauru, do Pinheiros e do Corinthians. Na contramão disso, a LSB manteve o contrato de seus jogadores.
Em um posicionamento praticamente unânime, os atletas da LSB dizem acreditar no projeto da equipe, que visa voltar a disputar o Novo Basquete Brasil (NBB), a primeira divisão brasileira. Para isso, o time de Sorocaba precisa vencer o Campeonato Brasileiro de Clubes.
Mesmo sem uma data para retorno e sem a confirmação da sequência das competições, todos os atletas seguem se preparando de maneira individual. Inclusive, sete deles optaram por permanecer em Sorocaba e dividem a moradia da chamada “Casa da LSB”.
“Temos os apartamentos, cada um com o seu quarto, uma estrutura muito boa oferecida para nós, alimentação. A estrutura que eles dão para nós tem álcool em gel e máscara. Tudo me motiva a estar aqui”, revelou Castellón.
Na companhia do ala, estão Eric Laster, Lucas Maciel, André, Adler e Dilber. Em meio aos treinamentos virtuais para manter a forma física, a amizade vai se fortalecendo. Isso, segundo o experiente jogador, pode ser útil quando a bola voltar a subir.
“Acredito que essa intimidade que estamos tendo vamos poder levar para as quadras. Tentamos tirar o máximo que for de bom dessa pandemia, no meio de tanta tristeza. Vamos tentar levar essa amizade para a quadra”, explicou.
Na espera
Mas essa volta às quadras ainda parece distante. Os exercícios online visam manter um mínimo da forma física, já que por conta da estrutura é muito difícil que os atletas consigam fazer alguns movimentos do jogo.
“Os treinamentos online são mais para manter a forma física. Nós fazemos um treinamento de fundamento, batendo bola no lugar, alguns treinamentos com pesos. O basquete mesmo, em si, não tem como”, falou.
Em função da ausência das partidas, a saudade das disputas é grande. Para Castellón, outro ponto também faz muita falta. O contato com a torcida. Para ele, o torcedor sorocabano é muito participativo.
“Pessoalmente, estou sentindo muita falta do contato da quadra, a energia do torcedor. Estou sentindo muita falta disso. Fazer aquela cesta de três e a torcida estar junto. Estou sentindo falta até dos gritos do Rinaldo”, brincou.
Um dos pilares da equipe, Castellón está em sua terceira passagem pela LSB. O jogador confidenciou ter uma relação próxima a Rinaldo Rodrigues, técnico e gestor da equipe. Ele comentou sobre a publicação com alusão nazista feita pelo dirigente em suas redes sociais.
“Eu conheço ele há muitos anos e sei que ele ficou muito triste. Ele não está se movimentando tanto nas redes sociais porque sabe que foi um erro que cometeu, mas não compactua com tudo isso”, avaliou o ala. (Zeca Cardoso)