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Lucas, um lutador que chegou ao topo do MMA nacional

11 de Dezembro de 2019 às 00:01

Lucas, um lutador Lucas concilia treinos com a profissão de lavador de carros. Crédito da foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS (5/12/2019)

Um sorocabano chegou ao topo do MMA nacional no final de novembro. O lutador Lucas Almeida venceu o argentino Nicolas Cocuccio com uma joelhada que nocauteou o adversário e conquistou o cinturão dos pesos-leves (até 70 kg) do Jungle Fight, considerado o principal evento do gênero na América Latina. O recorde de Lucas é invejável: 11 lutas e 11 vitórias -- sete por nocaute e quatro por finalização.

Mas a sensação de vencer não acontecia há um tempo. Por problemas com empresários e alguns outros particulares, o atleta ficou afastado do octógono por um ano. A última luta havia acontecido no dia 1º de dezembro de 2018, quando venceu Bruno Tavares, por nocaute, no evento Max Fight 21. O título do Jungle Fight veio um ano depois, no sábado (30).

“Eu lutei com muita vontade. Lembrei de tudo o que eu passei, de todos os treinos. Treinei muito forte. Sempre me mantenho treinando muito forte”, explica. O convite para o evento chegou apenas duas semanas antes da luta. Lucas estava afastado do octógono, mas os treinamentos e a preparação continuaram.

Até mesmo quando, por conta das dificuldades da vida, teve que voltar a exercer a profissão que conhece desde os 11 anos: lavador de carros -- a sua família é proprietária de um lava-rápido. As aulas que dava de jiu-jítsu e muay thai em academias de Sorocaba não estavam sendo o suficiente para o sustento. Mesmo assim, a luta nunca ficou de lado.

“Eu trabalhava a manhã inteira (no lava-rápido) e, ao invés de almoçar, eu ia treinar. Treinava, almoçava rapidinho e voltava a lavar os carros. Todos os funcionários têm uma hora de almoço, eu tinha duas. Às vezes, saía um pouquinho mais cedo para conseguir treinar de novo. Eu tive esses privilégios porque a minha família acreditou”, conta o campeão.

Lutar faz parte da vida de Lucas Almeida. Não só dentro do octógono, mas buscando o sonho de conseguir viver exclusivamente do MMA. “Eu tenho uma filha de 5 anos e espero dar uma vida melhor para ela sendo lutador, sendo atleta. Eu amo fazer isso. Eu gosto de lavar carro, mas não quero ser lavador de carro o resto da vida”, brinca.

Além do sonho, um cinturão no maior evento da América Latina e o bom cartel na modalidade credenciam o sorocabano a buscar um lugar no maior e mais tradicional campeonato de MMA do mundo, o UFC. Sondagens e aproximações já aconteceram, mas agora parece ser questão de tempo para o sonho virar realidade.

“O UFC estava de olho, quase lutei um evento no ano passado, mas não deu certo. Eles já me conhecem, mas queriam me ver lutar de novo. Agora, eu lutei e acho que não vai ter mais dúvida. Vou mostrar a luta e a repercussão. Esse nocaute que eu dei é uma coisa plástica, uma joelhada voadora”, analisa.

Campeão no MMA, muay thai e kickboxing, o lutador ainda conta com um projeto social há cinco anos, o “Resgate Kickboxing”. São aulas gratuitas para alunos do Jardim Brasilândia, na zona norte de Sorocaba. “Tem uma molecada que tem muita vontade lá, se espelha em mim. Fico muito feliz. É um trabalho muito legal que a gente faz lá”, diz. (Zeca Cardoso)